ViVas: Caligrafias Negras

ViVas: Caligrafias Negras intenta o reconhecimento e a valorização da intelectualidade das mulheres negras, escritoras.

O Brasil está marcado por uma história de silenciamento das minorias sociais e uma tentativa de apagamento das identidades dos indivíduos que destoam da branquitude masculina e hétera.

Como bem destaca Silvio Luiz de Almeida, o racismo está entranhado nas estruturas da sociedade. Para Almeida, “[…] mulheres negras são consideradas pouco capazes porque existe todo um sistema econômico, jurídico e político que perpetua essa condição de subalternidade”. Portanto, é diante desse estereótipo negativo acerca dessas mulheres que a sociedade reproduz seus padrões ideológicos, ou seja, as mantém subjulgadas e excluídas dos diversos espaços sociais.

Em diálogo com a obra de Simone de Beauvoir, Djamila Ribeiro assinala que, se a mulher branca é o outro do homem, a mulher negra é o outro da mulher branca. Aqui a autora aponta para detenção de privilégios em que, nessa escala de hierarquização, a mulher negra é a mais oprimida.

A partir desse entendimento, o feminismo não pode ser visto como um movimento homogêneo que luta exatamente pelas mesmas questões. A categoria mulher é plural, múltipla, diversa e carrega em si diferentes formas de se relacionar com as diversas condições históricas.

De modo geral, historicamente, às mulheres negras são atribuídos trabalhos braçais e negado o direito à voz e à manifestação da sua intelectualidade. Essa mesma negação também ocorre com as mulheres indígenas, pois o discurso sobre si mesmas não é autoral. A imagem que se tem dessas mulheres foi construída literariamente a partir do olhar e da linguagem do outro.

De acordo com Flávia Campos Silva, as mulheres indígenas precisam reivindicar direitos como pertencentes a dois grupos com relativa fragilidade: os povos indígenas e o sujeito “mulher”. Nessa dinâmica, a história das mulheres negras e das mulheres indígenas apresentam pontos em comum: o silenciamento delas e o discurso sobre elas, construídos historicamente.

ViVas: Caligrafias Negras intenta o reconhecimento e a valorização da intelectualidade das mulheres negras, escritoras, cujos textos foram selecionados no Concurso. A intenção de valorizar o público destacado no projeto advém da consciência de que a desigualdade é marcada por três fatores intrinsecamente conectados, a classe social, a raça e o gênero.

A publicação desta obra é, portanto, uma oportunidade para que a comunidade possa reconstruir o seu imaginário sobre o sujeito mulher negra. Dessa maneira, essa iniciativa possibilitará que outras mulheres negras se vejam representadas, de alguma forma, na produção literária contemporânea.

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Como bem destaca Silvio Luiz de Almeida, o racismo está entranhado nas estruturas da sociedade. Para Almeida, “[…] mulheres negras são consideradas pouco capazes porque existe todo um sistema econômico, jurídico e político que perpetua essa condição de subalternidade”. Portanto, é diante desse estereótipo negativo acerca dessas mulheres que a sociedade reproduz seus padrões ideológicos, ou seja, as mantém subjulgadas e excluídas dos diversos espaços sociais.

Em diálogo com a obra de Simone de Beauvoir, Djamila Ribeiro assinala que, se a mulher branca é o outro do homem, a mulher negra é o outro da mulher branca. Aqui a autora aponta para detenção de privilégios em que, nessa escala de hierarquização, a mulher negra é a mais oprimida.

A partir desse entendimento, o feminismo não pode ser visto como um movimento homogêneo que luta exatamente pelas mesmas questões. A categoria mulher é plural, múltipla, diversa e carrega em si diferentes formas de se relacionar com as diversas condições históricas.

De modo geral, historicamente, às mulheres negras são atribuídos trabalhos braçais e negado o direito à voz e à manifestação da sua intelectualidade. Essa mesma negação também ocorre com as mulheres indígenas, pois o discurso sobre si mesmas não é autoral. A imagem que se tem dessas mulheres foi construída literariamente a partir do olhar e da linguagem do outro.

De acordo com Flávia Campos Silva, as mulheres indígenas precisam reivindicar direitos como pertencentes a dois grupos com relativa fragilidade: os povos indígenas e o sujeito “mulher”. Nessa dinâmica, a história das mulheres negras e das mulheres indígenas apresentam pontos em comum: o silenciamento delas e o discurso sobre elas, construídos historicamente.

ViVas: Caligrafias Negras intenta o reconhecimento e a valorização da intelectualidade das mulheres negras, escritoras, cujos textos foram selecionados no Concurso. A intenção de valorizar o público destacado no projeto advém da consciência de que a desigualdade é marcada por três fatores intrinsecamente conectados, a classe social, a raça e o gênero.

A publicação desta obra é, portanto, uma oportunidade para que a comunidade possa reconstruir o seu imaginário sobre o sujeito mulher negra. Dessa maneira, essa iniciativa possibilitará que outras mulheres negras se vejam representadas, de alguma forma, na produção literária contemporânea.

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