O livro que o leitor tem em mãos é fruto de um trabalho realizado por um coletivo de pesquisadores que dialogam e propõem intervenções que pretendem atingir a juventude brasileira em situação de vulnerabilidade social. Inseridos na Rede Internacional Coletivo Amarrações, os textos são pesquisas realizadas em diferentes instituições brasileiras que oferecem sua contribuição para a pungente problemática da juventude em nosso país.
A primeira seção, intitulada Juventudes, Espaços e Intervenções, versa sobre pesquisas referentes a experiências acadêmicas de intervenções junto à população jovem, dando ênfase às temáticas: da cultura hip hop, da educação não proibicionista, da Educação de Jovens e Adultos, da problemática do tempo e do espaço na era virtual e da transmissão da experiência da negritude. Tais pesquisas são direcionadas à juventude pobre, negra, que circula no espaço urbano e moradora de periferias.
A segunda seção, cujo título é Adolescências e Medidas Socioeducativas, reúne textos que abordam a morte de adolescentes pelo tráfico de drogas, as estratégias de sobrevivência destes sujeitos, uma leitura ético-política de responsabilização dos adolescentes envolvidos na criminalidade, a metodologia de um dispositivo clínico de atenção ao adolescente que cumpre medida socioeducativa de liberdade assistida.
Concernente à saúde mental desses sujeitos, Juventudes E Contemporaneidade traz contribuições acerca da abordagem da psicose no âmbito socioeducativo, da escuta clínico-institucional do sujeito adolescente e da problemática das relações entre a infração e o brincar na adolescência.
Juventudes E Contemporaneidade retrata a preocupação da Universidade brasileira com os graves problemas que afligem a juventude de nosso país. Embora no Brasil da atualidade a juventude seja mais vítima do que autora de atos violentos, a criminalidade juvenil se mostra como um fenômeno que torna visível a violência histórica e estrutural de nossa sociedade.
A partir dos dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública – FBSP, no ano de 2017, dos 65.602 homicídios ocorridos no Brasil, 35.783 tiveram como vítimas jovens na faixa etária entre 15 e 29 anos de idade, sendo 94,4% negros do sexo masculino.