Brasília, Metropolização E Espaço Vivido

Brasília é uma metrópole muito especial. Suas singularidades são muitas. Não fosse o fato de seu Plano Piloto ser a mais completa evidência do urbanismo prescrito pela Carta da Atenas, sua configuração metropolitana apresenta especificidades que indicam a importância de pesquisas sobre essa realidade urbana.


Comparando-a com São Paulo ou Belo Horizonte, para ficarmos com dois exemplos brasileiros que se caracterizam por serem metrópoles não litorâneas, assentadas sobre áreas cujo relevo pouco interpõe-se à expansão urbana, poder-se-ia procurar alguma similitude morfológica. No entanto, Brasília não é uma metrópole fordista, o que significa que é, na essência, diferente daquelas. Processos de aglomeração de núcleos urbanos preexistentes, orientados pelos movimentos de industrialização e expansão territorial, não foram os indutores de sua conformação, ainda que, assim mesmo, sua periferia tenha se estruturado, não como decorrência de seu crescimento, mas como parte e, simultaneamente, avesso de sua implantação.
Sua morfologia urbana, marcada por descontinuidades, por dispersão e por carência de integração de todo tipo, resulta de um mosaico de fragmentos (mal) articulados entre si pela mobilidade quotidiana dos que vão e vêm. Eles alinham a metrópole, que ultrapassa os limites do Distrito Federal e incorpora, em suas teias, algumas cidades goianas. Brasília instala-se e se reproduz em partes: o Plano Piloto, as cidades satélites e as outras que, anteriores a ela, agora redefinem-se para servir-lhe, tanto quanto são por ela atendidas.
É essa a metrópole que Igor Catalão ajuda a desvendar a partir de uma perspectiva muito particular, ainda que não restrita. Ele trata de sua constituição morfológica, de sua conformação metropolitana, de seus papéis regionais e de seus limites político-administrativos. Compõe, assim, um painel amplo que lhe serve de referência para colocar foco em seu interesse maior – o de compreender, a partir da teoria espacial lefebvriana, ampliada por Edward Soja, como o espaço vivido compõe-se pelas práticas espaciais quotidianas.
A qualidade do livro resulta de um esforço de reflexão teórica e conceitual. Ele se combina a um bom recorte metodológico que, não sendo abrangente ou exaustivo em procedimentos e técnicas de pesquisa, é significativo e relevante para dar sustentação empírica às ideias que o sucedem e embasam-no. O diálogo que o autor estabelece com outros autores, que já se dedicaram ou dedicam-se ao estudo de Brasília, possibilita ao leitor saber de onde ele parte e o que ele incorpora da bibliografia disponível, para dimensionar até onde sua análise alcança.
Desse modo, trazendo uma nova perspectiva explicativa, o autor não a inventa simplesmente, mas a constrói, possibilitando ao leitor, por meio de seu texto, refazer o caminho, compreendê-lo, bem como reunir elementos de qualidade para ultrapassá-lo, se o movimento do real ou o percurso das ideias assim o exigirem.

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