Publicado em 1924, um período de crise econômica e atritos políticos, Nós, romance distópico de Ievguêni Zamiátin, causou polêmica em seu lançamento – assim como grande parte da obra do autor. Sua primeira publicação foi feita em solo norte-americano, após o romance ser censurado na União Soviética, considerado “ideologicamente indesejável”.
Em suas páginas, o autor imaginou um governo totalitário chamado Estado Único que, supostamente pelo bem da sociedade, privou a população de direitos fundamentais como o livre-arbítrio, a individualidade, a imaginação, a liberdade de expressão e o direito à própria vida. Um mundo completamente mecanizado e lógico, no qual o Estado dita os horários de trabalho, de lazer, de refeições e até de sexo.
Nós foi a distopia original. A inventividade dessa narrativa, inteligente e irônica, foi a pedra fundamental para outros grandes clássicos do gênero, como Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley; 1984, de George Orwell; Fahrenheit 451, de Ray Bradbury; Laranja Mecânica, de Anthony Burgess, e para distopias mais recentes como Divergente, de Veronica Roth. Isso, por si só, já torna esta leitura indispensável e fundamental.
Nesta edição inédita, traduzida direto do russo, o leitor encontra duas leituras complementares. A primeira é uma resenha do livro escrita por George Orwell, originalmente publicada na revista londrina Tribute em 1946, na qual ele ressalta a ousadia política da publicação e indica alguns dos incontáveis aspectos em que Zamiátin inspirou Admirável Mundo Novo.
Há também uma comovente carta enviada pelo autor a Stálin, solicitando permissão para abandonar a União Soviética, onde todas as suas publicações estavam sofrendo perseguição política.
Em tempos como os nossos – e na verdade, em qualquer época na qual este livro existiu –, Nós traz uma reflexão necessária. O relato escrito pelo protagonista serve de alerta para as sociedades que o encontrarem e lerem, e nos cabe torcer para que ele seja instrutivo para todos os seus leitores.
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