
No ano de 1937 o governo alemão, liderado por Adolf Hitler, inaugurou uma grande exposição de arte moderna com cerca de 650 obras confiscadas dos principais museus públicos do país, intitulada Arte Degenerada (Entartete Kunst).
Marc Chagall, Otto Dix, Max Ernst, George Grosz, Wassily Kandinsky, Paul Klee, Lászlo Moholy-Nagy, Piet Mondrian e Lasar Segall estavam listados entre os 112 artistas que tiveram obras selecionadas para a mostra.
Preparada para ser facilmente assimilada pelo público leigo, a exposição apresentava uma interpretação altamente negativa e tendenciosa da arte moderna.
Nos últimos anos, a exposição Arte Degenerada vem recebendo atenção por parte de importantes centros de pesquisa na Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, bem como de museus de arte de diversos países, dada a sua importância para a revisão da história da arte moderna. O que pouco se sabe é que ela teve inúmeros desdobramentos no Brasil.
Houve desde perseguições a artistas modernos acusados de degenerados, passando por manifestações de apoio às causas libertárias, até ações de imigrantes em prol da luta internacional contra os regimes totalitários.
No mês de abril de 2018, o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC USP), em parceria com o Museu Lasar Segall, realizou o Seminário Internacional Arte Degenerada – 80 anos: repercussões no Brasil3, cujo objetivo foi refletir sobre os impactos da exposição Entartete Kunst no Brasil e a perseguição à arte moderna ocorrida no país na primeira metade do século XX.
Buscou-se reverter o quadro de desconhecimento acerca desse fenômeno, ainda pouco estudado por pesquisadores locais. Consideramos fundamental compreender o papel do Brasil nesse contexto, levando-se em conta, sobretudo, a importância dos artistas imigrantes para a arte moderna brasileira.
Este volume reúne os textos resultantes das conferências apresentadas e tem a ambição de gerar bibliografia acessível sobre o tema no país, tanto para especialistas quanto para o público em geral.
A publicação deste volume, bem como do seminário que esteve em sua origem, só foi possível devido à parceria entre o MAC USP e o Museu Lasar Segall e ao apoio imprescindível das agências de fomento.
