
O que é a Imaginação? Ou, o que fazemos, propriamente, quando
imaginamos?
Em nossa era wittgensteiniana, não se pode mais, ingenuamente,
formular questões como essas se, com elas, pretendemos apreender alguma “essência”, alguma definição real do imaginar como tal, isto é, determinar um conjunto de traços ou características que seriam compartilha dos por todos os atos de imaginação e só por eles.
Mas o Entendimento comum, ou não-filosoficamente instigado, não acalenta explicitamente tais pretensões essencialistas e não precisa, ao menos inicialmente, ter que se haver com o anúncio antecipado do fracasso de sua empreitada.
Uma análise da concepção de imaginação própria a diversos filósofos. Ao longo de toda esta análise, farei uso de uma “hipótese”, hipótese esta que, receio, poderá parecer demasiadamente simples.
A esse respeito, não posso fazer outra coisa, a não ser pedir ao leitor benevolente que procure vencer essa impressão inicial e aguarde até que o desenvolvimento da análise mostre que interrogações simples, extraídas, como diz Schopenhauer alhures, da intuição do mundo e da existência podem ser extremamente frutíferas e recompensadoras.
Pretendemos mostrar, através da análise de alguns momentos cruciais da História da Filosofia Moderna e Contemporânea, como foi possível que a Filosofia chegasse, a respeito da Imaginação, a uma tão grande divergência em relação ao Entendimento comum.
Não tentaremos explicar a razão pela qual filósofos e sistemas filosóficos tão diferentes, tais como os considerados a seguir, adotaram a respeito da Imaginação uma atitude tão semelhante e nem justificar a perspectiva geral em que se movem as análises seguintes, nas quais cada um desses momentos cruciais representa uma etapa de uma “evolução” (ou, a partir do ponto de vista do Entendimento comum, um “retrocesso”) de uma concepção filosófica da Imaginação que não se restringe a uma filosofia ou a um sistema filosófico em particular.
