A temática das Relações Internacionais (RI), ultrapassando as fronteiras do ambiente diplomático e acadêmico, bate às portas do cidadão comum na forma de manchetes que trazem palavras-chave como globalização, protocolo de Kyoto, inspeção de armas nucleares e eixo do mal, entre outras.
Presente desde a antiguidade grega (como na História da Guerra do Peloponeso – Tucídides), tal temática recebeu significante contribuição, no que tange ao poder dos Estados, com Thomas More, Maquiavel, Hobbes e Montesquieu.
Após a Primeira Guerra Mundial, surgiu como disciplina e desenvolveu-se rapidamente, transformando-se em área essencial de conhecimento e indispensável para o entendimento do cenário atual.
Em A Sociedade Anárquica, o autor discute questões centrais das RI, como a distinção entre sistema internacional (sistema de Estados) e sociedade internacional (sociedade de Estados).
O título pode causar repulsa ou indiferença por, supostamente, levar a crer que o autor trata da ausência de poder em uma sociedade local.
Mas, ele faz sentido quando se lê o subtítulo “Um estudo da ordem da política mundial” e percebe-se que Hedley Bull defende que: a) existe uma ordem mundial estabelecida entre os Estados, os quais formam uma sociedade; e b) não há um poder central que controle a todos os Estados, logo, tal sociedade é anárquica.
Esta obra publicada no Brasil exclusivamente pela Universidade de Brasília, faz parte de uma Coleção de Clássicos do Instituto de Pesquisa das Relações Internacionais, composta pelas principais obras de relevantes autores como Kant, Clausewitz, Hobbes, Morgenthau, J.M. Keynes e Raymond Aron.
Esta coleção objetiva facilitar, ao público interessado, o acesso às obras consideradas fundamentais para o estudo das RI em seus aspectos histórico, conceitual e teórico.
Com este A Sociedade Anárquica, Bull tornou-se conhecido (agora também entre os estudantes) como o mais importante representante da corrente teórica conhecida como Escola Realista Inglesa.
O autor define o projeto de uma teoria normativa das RI que considera perfeitamente possível o estabelecimento de critérios de objetividade (despidos de valores) que fundam a ordem internacional.
Tal linha de reflexão desperta críticas, principalmente, por parte daqueles que entendem que todas as variações das teorias das RI partem das mesmas matizes excludentes: a realista e a idealista.
