A Igreja Católica Romana, após a 2ª Guerra Mundial, iniciou um período de atualização ao mundo moderno e começou a passar por uma grande transformação. Esse processo foi acelerado com o Concílio Ecumênico Vaticano II, que legitimou certas tendências modernizadoras dentro da Igreja Católica. Esse processo de atualização ao mundo moderno realizado pela Igreja é conhecido como aggiornamento e contou com o apoio dos Papas João XXIII e Paulo VI. As ordens religiosas não ficaram imunes a esse período de transformações e refletiram esse processo em suas práticas.
A Companhia de Jesus, ordem fundada por Inácio de Loyola no século XVI, também passou por grandes mudanças nesse momento. Estimulados pelos Superiores Gerais João Batista Janssens e depois Pedro Arrupe, os jesuítas em todo o mundo, com a intenção de aumentar sua influência na sociedade, comprometeram-se mais com os problemas do seu tempo. A partir principalmente da segunda metade do século XX, os inacianos começaram a priorizar em seu trabalho apostólico as questões sociais. Os jesuítas viam os problemas sociais como um empecilho para a evangelização da sociedade e por isso trabalharam para ajudar a solucioná-los.
O conflito entre o Trabalho e o Capital, as desigualdades cada vez maiores entre os países ricos e os países pobres, a miséria que parcelas significativas da população mundial estavam vivendo mesmo com o crescimento econômico de várias nações e, ainda, o agravamento e a politização dos conflitos sociais em algumas regiões fizeram com que setores da Companhia de Jesus repensassem sua práxis e assumissem um compromisso mais forte com o intuito de transformar as estruturas econômicas para tornar o mundo mais justo.
Um instrumento adotado pela Companhia de Jesus para enfrentar os problemas sociais, nesse período, foram os Centros de Informação e Ação Social (CIAS). Esses Centros tinham como objetivos difundir a Doutrina Social da Igreja e, também, ser um local de reflexão sobre as questões socioeconômicas de um determinado lugar, e que tentava ajudar os inacianos (e a sociedade) na superação dos problemas, mostrando as causas e os meios para isto. Em Salvador, foi fundado o Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) pelos jesuítas que formavam a vice-província da Bahia, na década de 1960. O CEAS se desenvolveu durante o período em que o país vivia sob uma Ditadura Militar e a instituição acabou se tornando um local de resistência aos militares no estado.
Os Jesuítas E O Apostolado Social Durante A Ditadura Militar: A Atuação Do CEAS
- Ciências Sociais, História
- 14 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.