
A arte e a moda há muito tempo deixaram de ser vistas como universos herméticos ou simples entretenimento para serem reconhecidas como espaço de emancipação ou de exercício do controle da história de vida de milhares de pessoas.
Por meio de seus produtos e dos grupos sociais que nesse âmbito tem garantidas suas falas e representações, podemos corroborar à manutenção das assimetrias sociais ou à desconstrução delas.
Como elemento constitutivo das formas de produção e reprodução de conhecimento, a roupa e o corpo são elementos indissociáveis na cultura contemporânea e, dessa maneira, em busca do estudo dessa linguagem, compreendemos a relevância de se abrir um debate para a multiplicidade de referências artísticas e políticas no campo da moda, dentro da perspectiva do eixo Desenho, Cultura e Interatividade.
Diante disso, analisar as diversas formas de expressão da moda – como materialização e produção de sentido e significado – e suas relações com o desenho é o interesse dessa publicação.
Pensar moda e desenho sob o ponto de vista da cultura evoca as bases para o entendimento da moda como um fenômeno que atinge os mais variados níveis das relações humanas, desde o vestuário às suas noções de beleza corporal, preferências musicais, concepções políticas, dentre outros aspectos.
Compreende-se, portanto, que a noção de indumentária e moda não se refere apenas aos itens vestimentares utilizados em cada época, uma vez que enquanto registro material do modus vivendi de uma sociedade, as ideias implementadas pela moda geram comportamentos inéditos na mesma medida em que novos modos de pensar e de viver lançam ideias incomuns para alteração do parecer.
Considerando a moda como linguagem, estudar seus aspectos simbólicos, imaginários e ideológicos na expressão ou normatização das identidades sociais e culturais se impõe necessário por compreender que, ainda hoje, os grupos majoritários em representatividade sintonizam por meio da eleição dos padrões de beleza e de bondade aquilo que deve ser reproduzido pela massa de consumidoras de seus produtos fugazes.
Mas não é sempre do efêmero e coletivo que a moda se faz, antes disso é base para manifestação individual – que sempre será coletiva em certa medida – de agenciamento político.
