
Este será um livro que, para mim, corresponde a uma descoberta do poeta Pereira da Silva. É uma justificativa de uma poiesis que busca afirmação.
O poeta Antônio Joaquim Pereira da Silva é paraibano da cidade de Araruna. Nasceu em novembro de 1876 e faleceu no Rio de Janeiro em 1994. Órfão de pai, migrou para o Rio de Janeiro com quinze anos incompletos, iniciando o que se pode caracterizar como a vivência de uma diáspora. Tornou-se militar, e como tal morava no Paraná e, “graças ao convívio com escritores e poetas, Pereira da Silva encontrou ambiente propício às suas aptidões poéticas ao se iniciar nas atividades literárias”.
Volta para o Rio e forma-se em Direito, quando é nomeado promotor público no Paraná, agora já casado com Eulina, filha do historiador Rocha Pombo. Desiludido da vocação jurídica, exonera-se da sua função e volta para o Rio de Janeiro, escolhendo o jornalismo como profissão.
O poeta se iniciou nas lides do Simbolismo. E é normal caracterizá-lo como poeta simbolista paraibano, o que requer uma discussão. O fato de ter estado no Sul e/ou no Sudeste dificulta dizer que é poeta paraibano, pois sempre esteve afastado da Paraíba. No entanto, há poemas e algumas obras em que o poeta explora lembranças e reminiscências como arcabouço da memória, mesmo sem muita identificação com a Paraíba.
Não me afastarei do espaço da memória, tornando o poeta partícipe do contexto de uma memória coletiva ou social. Para isto, usarei o texto poético também como documento ou mesmo testemunho social, histórico, psicológico, estético e estilístico. Relacionarei os feitos do poeta com suas vicissitudes, as suas carências e a necessidade de agradar os detentores do poder, em várias instâncias, como na Academia Brasileira de Letras, na política, na projeção socio-histórica, como já referenciei acima e agora enfatizo.
Darei um destaque especial à percepção que ele tem do mundo, que não é uma percepção do interior paraibano, por isso classifico sua identidade como cambiante. Daí sua inserção num mundo que lhe é hostil e a que não pôde se adaptar, o que é captável através de seus poemas que estão quase sempre associados à “dor de viver” sem remissão, chave que pode ser usada para apreender o autor e a obra no seu devir.











