Tentativa De Esgotamento De Um Local Parisiense

Parisiense, escritor sensível à sua cidade, Georges Perec (1936-1982) é um construtor de narrativas da condição urbana. Ao lançar um olhar curioso sobre a Cidade, distende o tempo e as coisas banais do dia a dia e traz à tona uma possibilidade de fazer a Cidade enquanto não se faz nada.


Integrante, desde 1967, do OuLiPo, grupo literário que explora a potente junção entre matemática e literatura, do qual participam também Italo Calvino, Marcel Duchamp e Raymond Queneau, Perec se aventurou em experiências com restrições literárias, jogos de palavras, palavras-cruzadas, palíndromos e esgotamentos da linguagem.
Tentativa De Esgotamento De Um Local Parisiense é um convite. Um convite a estarmos na Cidade (sim, em maiúsculo) de uma outra forma. Um convite à experiência.
Experiência que Perec realizou e transformou em texto, que foi publicado originalmente no número especial Pourrissement des sociétés de 1975 da revista Cause Commune, fundada em 1972 por Jean Duvignaud (que “aparece” no texto em determinado instante), Paul Virilio e o próprio Perec. Texto que logo em seguida seria lançado em forma de livro pelo editor Christian Bourgois.
Perec constata, já nos anos 1970, nossa ignorância em ver a Cidade. Condenamos nosso ato de ver ao puro condicionamento mercadológico e espetacular. Vemos o mundo com olhos objetivos, mecanizados, procuramos e decodificamos apenas o funcional e utilitário. Fica evidente a consequente relação que temos com a construção da Cidade. Um olhar utilitário e mercadológico constrói Cidades do mesmo tipo.
Nesta tentativa de esgotamento de um local parisiense o autor se propõe a sair de casa numa sexta-feira de um final de outono do ano de 1974, caminhar até a Place Saint-Sulpice e procurar um lugar para se acomodar e observar. Durante três dias seguidos (18, 19 e 20 de outubro), Perec se instala em cafés, tabacarias e bancos no entorno da praça para observar e registrar em seu caderno tudo o que acontecia a seu redor.
Ele vai anotando, em distintos momentos do dia, tudo o que estava ao alcance do seu olhar: os acontecimentos cotidianos da rua, a circulação de veículos, pessoas, animais, nuvens, a passagem do tempo. Seu caderno vira uma lista de todos aqueles fatos mais insignificantes da vida cotidiana. No domingo, após quase sessenta páginas de notas e registros, Perec tem uma coleção de imagens, instantes, gestos. Nas suas mãos, um texto composto por fotografias escritas, um catálogo de ações, momentos de mais ou menos luz, pessoas caminhando e carregando coisas, carros estacionando ou partindo, turistas, ônibus de turistas, voos de pombas, objetos e jeitos.

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Parisiense, escritor sensível à sua cidade, Georges Perec (1936-1982) é um construtor de narrativas da condição urbana. Ao lançar um olhar curioso sobre a Cidade, distende o tempo e as coisas banais do dia a dia e traz à tona uma possibilidade de fazer a Cidade enquanto não se faz nada.
Integrante, desde 1967, do OuLiPo, grupo literário que explora a potente junção entre matemática e literatura, do qual participam também Italo Calvino, Marcel Duchamp e Raymond Queneau, Perec se aventurou em experiências com restrições literárias, jogos de palavras, palavras-cruzadas, palíndromos e esgotamentos da linguagem.
Tentativa De Esgotamento De Um Local Parisiense é um convite. Um convite a estarmos na Cidade (sim, em maiúsculo) de uma outra forma. Um convite à experiência.
Experiência que Perec realizou e transformou em texto, que foi publicado originalmente no número especial Pourrissement des sociétés de 1975 da revista Cause Commune, fundada em 1972 por Jean Duvignaud (que “aparece” no texto em determinado instante), Paul Virilio e o próprio Perec. Texto que logo em seguida seria lançado em forma de livro pelo editor Christian Bourgois.
Perec constata, já nos anos 1970, nossa ignorância em ver a Cidade. Condenamos nosso ato de ver ao puro condicionamento mercadológico e espetacular. Vemos o mundo com olhos objetivos, mecanizados, procuramos e decodificamos apenas o funcional e utilitário. Fica evidente a consequente relação que temos com a construção da Cidade. Um olhar utilitário e mercadológico constrói Cidades do mesmo tipo.
Nesta tentativa de esgotamento de um local parisiense o autor se propõe a sair de casa numa sexta-feira de um final de outono do ano de 1974, caminhar até a Place Saint-Sulpice e procurar um lugar para se acomodar e observar. Durante três dias seguidos (18, 19 e 20 de outubro), Perec se instala em cafés, tabacarias e bancos no entorno da praça para observar e registrar em seu caderno tudo o que acontecia a seu redor.
Ele vai anotando, em distintos momentos do dia, tudo o que estava ao alcance do seu olhar: os acontecimentos cotidianos da rua, a circulação de veículos, pessoas, animais, nuvens, a passagem do tempo. Seu caderno vira uma lista de todos aqueles fatos mais insignificantes da vida cotidiana. No domingo, após quase sessenta páginas de notas e registros, Perec tem uma coleção de imagens, instantes, gestos. Nas suas mãos, um texto composto por fotografias escritas, um catálogo de ações, momentos de mais ou menos luz, pessoas caminhando e carregando coisas, carros estacionando ou partindo, turistas, ônibus de turistas, voos de pombas, objetos e jeitos.

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