
Com o lançamento de É Veneno Ou É Remédio?, o mercado editorial brasileiro ganha mais uma importante contribuição de cientistas de diferentes instituições de pesquisa sobre os riscos do uso indiscriminado de agrotóxicos nas lavouras.
Trata-se de uma abordagem interdisciplinar, tendo como foco os efeitos perniciosos desses produtos à saúde humana, ocasionados tanto pela ingestão de alimentos contaminados quanto pela exposição ocupacional a que estão sujeitos milhares de trabalhadores rurais.
É Veneno Ou É Remédio? é dividido em três partes, que se completam harmoniosamente.
A primeira oferece um panorama do trinômio Agrotóxicos, Saúde e Meio Ambiente, focalizando a situação mundial, com destaque para os países em desenvolvimento, onde se inclui o Brasil.
A segunda parte dedica-se à avaliação da exposição humana a agrotóxicos, apresentando experiências bem-sucedidas em Saúde e Meio Ambiente. Nela se concentram os textos que constituem desafios metodológicos, como, por exemplo, a eficácia das técnicas de avaliação de exposição humana a agrotóxicos, de avaliação ambiental a agrotóxicos e de avaliação da contaminação alimentar.
Finalmente, na terceira parte, o leitor se depara com estudos relativos a perspectivas e desafios colocados pelo debate, vistos de diferentes ângulos de abordagem. A normatização de rótulos, a necessidade de um olhar interdisciplinar sobre o problema e o estabelecimento de nexo causal entre a exposição a agrotóxicos e o desenvolvimento de cânceres em seres humanos são alguns desses desafios.
Contudo, o problema da comunicação rural é também colocado sob perspectiva dialógica e horizontal, fundada na interação de saberes técnicos e saberes populares, de modo a potencializar ações educativas na prevenção ao abuso de agrotóxico, e sobretudo na organização das forças sociais comunitárias para o enfrentamento dos problemas.
É Veneno ou é Remédio? certamente contribuirá para fortalecer, na sociedade civil, a consciência crítica sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos e seus efeitos deletérios.
Apesar dos avanços da legislação vigente, que estabelece normas bem definidas para registro e uso desses produtos, na verdade, os danos provocados pelas freqüentes exposições de trabalhadores rurais e consumidores de alimentos aos diversos princípios ativos dos agrotóxicos ainda são alarmantes em muitas regiões produtoras.
Mais que nunca, é preciso que as organizações de pesquisa agropecuária se comprometam com uma nova matriz tecnológica que reduza a dependência de insumos químicos nos sistemas produtivos e incorporem a preocupação ambiental em suas ações de pesquisa e desenvolvimento.
