
O autor de Diálogos Silenciosos nos presenteia com uma temática plural em que podemos perceber a sua fluidez verbal, a sua proficiência de escritura e o seu discurso sempre dialógico, ideológico e reflexivo!
É como se ele fizesse um “mapeamento da alma”, nos convidando a refletir sobre a vida, o amor, a solidão, a felicidade, a finitude da existência, o homem, a natureza, a política, a catarse, a paixão, os sentimentos, a vida acadêmica, o tempo, os sonhos…
Podemos perceber, então, que Diálogos Silenciosos é um “caldeirão heteroglóssico”, onde sob o curso de uma postura crítica, devemos assumir uma atitude hermenêutica que possa educar nosso olhar para mergulhar na profundidade do texto e buscar o discurso silencioso, isto é, o que não é aparente.
Um olhar que queira ver o invisível, vislumbrando a possibilidade de descobrir aspectos relevantes sobre o objeto lido, observado, como nos orienta Ghedin e Franco.
Para tanto, é preciso que nosso olhar volte-se para um complexo processo de leitura em que a percepção e interpretação componham múltiplas representações do mundo. O próprio autor nos incita a refletir sobre o olhar, mostrando no texto “Espelho”, que “os olhos funcionam como a expressão energética do corpo e da alma”.
Na nossa percepção, olhar significa pensar, refletir, que é muito mais que olhar e aceitar passivamente as coisas. Olhar, neste sentido, exige mudança e atitude diante do mundo, que é exatamente o que Flávio expõe em seu texto “Espelho”!
Desta forma, a grande metáfora do diálogo se estabelece nesta criação literária, na composição textual do gênero crônica que “tece a continuidade do gesto humano na tela do tempo”.
Como diz Wellington Pereira, a crônica está presa à fluidez temporal e a cada organização social. Esse gênero textual enuncia os eventos sociais reconhecidos e determinados de acordo com a instituição do tempo.
Flávio tem consciência disto, pois assevera sobre o tempo, na crônica À Beira-Mar: “O tempo exerce sobre a vida um poder incontrolável que subjuga os sonhos e as ilusões, desnudando a frágil condição humana”.

