
Nos tempos sombrios em que alguns anunciam a morte do feminismo e outras esbravejam nada dever a essa corrente teórico-política, o livro de Luis Felipe Miguel e de Flávia Biroli aparece como um raio de sol.
A partir de uma pluralidade de abordagens, os autores nos apresentam o campo diversificado da teoria política feminista que, pour cause, não se debruça apenas sobre as questões femininas.
Ao tratar de temas como os direitos das mulheres, o feminismo colocou em debate a própria sustentação das hierarquias sociais e do funcionamento das instituições.
Fazendo jus a seu tema, Feminismo E Política não trata tão somente de uma preocupação localizada, mas problematiza a maneira como as relações de gênero estão arraigadas organizando de forma desigual nossa própria apreensão do mundo.
Apontar as desigualdades ajuda a entender por que, apesar dos direitos conquistados nas últimas décadas, as mulheres permanecem “excluídas da política” e continuam a ser o grupo de maior vulnerabilidade.
O machismo e a falta de políticas públicas, escrevem os autores, penalizam as mulheres, especialmente as mães e trabalhadoras, nesta sociedade em que “a divisão dos papéis permanece atada a compreensões convencionais do feminino e do masculino”.
Feminismo E Política nos conduz a compreender o patriarcado como uma forma de organização das relações sociais que impede o fim das desigualdades.
Essa organização social explica por que as mulheres continuam à margem da política e, numa relação de causa e efeito, são percebidas como menos cidadãs.
As várias questões colocadas pelos autores acerca da permanência da desigualdade de gênero nos levam às respostas que a teoria feminista procurou dar.
Para eles, uma política igualitária implica também um enfrentamento daquilo que faz rodar as engrenagens de gênero, mas também as de classe e de raça.
Frente a uma variedade de temas, mergulhamos diretamente nos principais debates colocados à teoria feminista, que, mesmo sem oferecer uma solução definitiva a múltiplos dilemas, soube fazer a crítica ao status quo. O melhor do feminismo hoje ainda implica ser gauche na vida.











