Em 2008, após vinte e três anos de governo civil e vinte depois de promulgada a Constituição de 1988, é aprovada pelo Senado e sancionada pelo vice-presidente da República a lei que obriga o ensino de filosofia e sociologia no Ensino Médio.
A sociologia, no Brasil, tem sua presença como ensino fragmentadamente em 1925, ratificada depois, em 1931, com a reforma Francisco Campos. Portanto, até 2012 somam-se 87 anos de interrupções, repressão e limitações diversas: políticas, culturais, institucionais e policiais.
Noutras palavras, não se conta nem um século de pesquisa e ensino regular que pudessem promover um estatuto de evolução e amadurecimento como conhecimento, livre de censura e de preconceitos, como se requer para o desenvolvimento pleno de qualquer conhecimento científico.
Como fragmento de uma época, o desenvolvimento da sociologia significativa como estudo, pesquisa e ensino tem pouco tempo, mas o suficiente para que se proceda a um exame sobre o seu sentido, sua relevância social e seus maiores problemas como práxis do conhecimento moderno.
Diante dos grandes dilemas sociais que o mundo atravessa, ainda com correspondências ao passado colonial, impresso em revoluções, imperialismos e crises persistentes, social e ambientalmente ameaçadoras da vida, a sociologia tem respondido com uma pluralidade de iniciativas e de proposições, possui os seus clássicos e persiste na contemporaneidade com suas metateorias, que se apresentam em torno de uma mesma problemática: de um lado a perspectiva do conhecimento sociológico como repetição, ancorada nos modismos do mercado, nem sempre academicamente fundamentados porque comprometida com o utilitarismo, e de outro lado a perspectiva criativa e crítica quando associada à filosofia, à história, à economia, à política e à psicologia, entre outras áreas de conhecimento, sem escudar-se nas infinidades de especializações passageiras.
Como essa problemática se coloca como ensino? Possivelmente, em primeiro lugar, fazendo do ensino o lugar de menor prestígio, de menor reconhecimento, especialmente no Ensino Médio e na graduação universitária, deixando para a pós-graduação algum merecimento maior. Daí as avaliações competitivas serem mais mobilizadoras que os próprios desafios do conhecimento e de sua aplicação social.
Sociologia: Conhecimento E Ensino
- Ciências Sociais, Educação
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