Desde a renovação historiográfica produzia pela História Cultural nos anos de 1970, novos objetos conquistaram a atenção do historiador. Mais especificamente a partir da década de 1980, uma História do Corpo ganharia também notoriedade entre as produções acadêmicas.
Este livro, resultado da primeira pesquisa a tomar a tatuagem como objeto em um Programa de Pós-Graduação em História, se insere dentro destas transformações, que levaram e levam historiadores a procurar por novos objetos, movidos por inquietações novas, fruto das transformações de seu próprio tempo.
Nesta publicação, a tatuagem é tomada como objeto de estudo. Procurando compreender o processo de transformação nas práticas dos tatuadores e nos espaços de tatuar, o autor mobiliza uma diversidade de fontes na tentativa de produzir uma interpretação do passado dê os primeiros passos na construção de uma História da Tatuagem no Brasil.
Na área da História, a tatuagem, para começar a ser “desbravada”, precisou ser estudada por quem, ao se recusar a seguir a cartilha dos assuntos estabelecidos, ousou pensar de viés. Não custa recordarmos que, até bem pouco tempo atrás, as pesquisas universitárias que investigassem assuntos relativos à homossexualidade, por exemplo, eram consideradas chocantes, tabus e até estranhas à academia.
Hoje, se isso não mudou por completo, certamente o quadro é outro. Há momentos em que é indispensável ser herético para fazer circular uma maior corrente de ar.
Neste livro, é preciso frisar, a tatuagem vai além da arte na pele. Ela se esparrama por domínios que articulam a história do trabalho com a história da técnica. O autor aborda não apenas as inúmeras transformações ocorridas na arte de tatuar, mas também as modificações ocorridas nos espaços de produção das tatuagens, indo do nomadismo à sedentarização. Do ponto de vista de sua dimensão, o estudo contempla discussões pertinentes à história cultural, social e econômica.