A pandemia nos trouxe um inevitável distanciamento das interações interpessoais, sejam essas consideradas meramente superficiais, consequentes da banalização em se valorizar o simples nas relações sociais diárias; sejam aquelas tidas como essenciais para o enfrentamento frente às intercorrências da vida. O embate entre a solidão e solitude toma protagonismo na mente daqueles que visão, por meio da reflexão, encontrar uma saída (seja ela qual for…).
Às vezes, nos encontramos tão cheio de nós mesmos que só nos resta o Estouro, se deparar com o Nada e recriar a dimensão da sociabilidade!
Eu vivi isso na pele e acredito que muitos de vocês, confinados, inevitavelmente viveram o mesmo processo: o ápice da solitude voluntária e desejada progressivamente é esvaziado em solidão (do Latim, solitudnem, solus, solitatem: estar sem ninguém, estar sozinho; vazio até mesmo de si?) frente à imposição da obrigatoriedade do isolamento.
Considerando essa transmutação, a metamorfose do homem imerso no próprio abismo, toma forma em Blackbird Em Confinamento, a partir de um diário fluxo de consciência, processo esse escolhido por ser capaz de permitir evasão – conforme o encadeamento da escrita progride – das múltiplas personalidades do protagonista. Logo, àqueles que estão cheios de estar só consigo, convido à leitura.
Take these broken wings and learn to fly.