A coletânea Techno.exe reúne uma coleção de artigos que descrevem ou interpretam processos, manifestações e comportamentos que emergem no contexto da cultura tecnológica contemporânea.
Batizada com nomes variados, tais como cultura líquida, cultura digital, cibercultura, cultura pós-humana, hipermoderna, etc., a marca decisiva desta circunstância abrangente, distribuída por todo o globo, é a onipresença da mediação digital agenciando, com uniquidade crescente, todas as instâncias do cotidiano – das práticas econômicas e políticas aos afetos e o desejo.
Desde 2009, o Techno.exe – Grupo de Pesquisa em Tecnoestese e Infocognição – vem procurando, dentro do Programa da Estudos Pós-Graduados em Tecnologias da Inteligência e Design Digital da PUC-SP (TIDD-PUC-SP), desenvolver iniciativas variadas para construir uma conversa que busca, ao mesmo tempo, descrever os novos comportamentos e manifestações da cultura contemporânea, dando relevo à importância decisiva da tecnologia digital, e, interpretar tais fenômenos a partir de uma literatura interdisciplinar que reúne autores tão variados como Marshall McLuhan, Vilém Flusser, Maurice Merleau-Ponty, Humberto Maturana, Francisco Varela, Martin Heidegger, Gyorgy Buzsaki, Evan Thompson, Jorge Larossa e outros.
O que une um leque tão variado de autores é, ao mesmo tempo, a interrogação pela gênese do sentido, pelo indivíduo situado em sua circunstância, e o interesse pelo mundo da experiência, mais do por aquele dos conceitos puros e precisos da conversa exclusivamente conceitual.
O presente volume organiza-se em três partes, que representam as principais linhas de pesquisa que vêm sendo exploradas por diferentes grupos de alunos e colegas participantes dos encontros de estudo ou dos seminários promovidos pelo Techno.exe:
a) cognição, filosofia e tecnologia – incluindo aí filosofia da mente e o diálogo com a neurociência;
b) cognição, estética e tecnologia; e
c) cognição, educação e tecnologia com especial destaque a estudos que busquem abordagens diferenciadas à questão das tecnologias assistivas.
Aliás, a marca mais decisiva dos trabalhos que vêm nascendo da conversa promovida, ao longo dos anos, neste grupo, é a busca de caminhos originais e interdisciplinares para pensar estas questões da sociedade contemporânea.
Estamos vivendo uma era de transformações sem precedentes, e um dos maiores desafios que vêm se apresentando é o de ter a coragem de descrever e pensar o presente sem fazer aquilo que Marshall McLuhan descreveu como “olhar o futuro pelo espelho retrovisor”.