
A educação como fenômeno social é marca humana. Como instituição social, a educação constitui nossos modos de ser: é meio de construção de nossa individualidade e nossas sociabilidades.
Como instituição, participa da construção simbólica e material do mundo. É atividade econômica e estruturante no mundo atual. É atividade que condiciona e é condicionada social e historicamente.
É um fenômeno único pela sua importância e pela sua complexidade, que se converte na história das ideias humanas em um campo de conhecimento, ou melhor, um objeto de estudo e de investigação.
Entretanto, as mesmas características constitutivas de nossa humanidade e as características que contribuíram para que a educação se constituísse como campo de investigação são muitas vezes uma ameaça ao próprio campo.
Se todos somos simultaneamente objeto e agentes da educação, todos nos sentimos um pouco especialistas e conhecedores do campo, aptos a dizer o que é e o que não é, o que é bom e o que não é, o que é legitimo e o que não é, o que é desejável e o que não é e, principalmente, como deve ser a educação.
Assim, corremos o risco de desconstituir como campo de conhecimento aquele que talvez seja um dos mais difíceis e importantes de todos os campos de conhecimento humanos.
Desse ponto de vista, uma coletânea como a que aqui se apresenta é não apenas relevante pela qualidade acadêmica de cada texto, mas é fundamental como processo educativo em si mesmo: a sua leitura nos ensina que o fenômeno da educação é multidimensional, é histórico, é complexo, é controvertido. Sua leitura nos conduz para além daquilo que constitui a contribuição acadêmica explícita de cada trabalho/capítulo.
Sua leitura nos ensina que a compreensão do fenômeno da educação transcende a nossa experiência cotidiana e nossa familiaridade com o tema. A leitura nos ensina que há necessidade premente de que o campo seja explorado como área de conhecimento e como estrutura social, sistematicamente, em todas as suas facetas.
Se nosso passado e nosso presente dependeram de nossas práticas educativas, seguramente nosso futuro também dependerá delas e não parece razoável deixar tal futuro à mercê de acasos ou da mera repetição irrefletida da nossa experiência pessoal.











