Neste livro, investigam-se o uso e a estrutura morfossintática de sentenças interrogativas do português brasileiro, especificamente de sentenças interrogativas diretas que contêm um pronome ou advérbio interrogativo, como em, tradicionalmente denominadas Interrogativas-Qu e, neste trabalho, denominadas Interrogativas de Conteúdo.
As Interrogativas de Conteúdo, de acordo com o modelo da Gramática Discursivo-Funcional proposto por Hengeveld e Mackenzie (2008), consistem em Atos Ilocutivos dotados de uma Ilocução Interrogativa, com a qual o falante requer do ouvinte uma resposta para o Conteúdo Proposicional evocado pelo Conteúdo Comunicado. Essa resposta pode ser uma confirmação ou não do ouvinte em relação a um conteúdo cuja verdade não era muito clara para o falante, o que define uma Interrogativa Polar, ou pode conter uma informação nova trazida pelo ouvinte que preencha uma lacuna de informação existente na informação pragmática do falante, o que define uma Interrogativa de Conteúdo.
Na literatura linguística brasileira, a investigação acerca das Interrogativas de Conteúdo tem despertado a atenção de alguns pesquisadores, que enfocam as possibilidades de ordenação de constituintes dentro dessas sentenças, principalmente as possíveis inversões entre sujeito e verbo e a ocorrência de clivagem. Destacam-se os trabalhos de Duarte, Mioto, Sikansi, Mioto e Figueiredo Silva, Lopes-Rossi, Kato et al. e Kato e Mioto, todos de orientação gerativista.
Diferentemente desses estudos, este trabalho, ao adotar a perspectiva funcional da linguagem e os pressupostos teórico-metodológicos da Gramática Discursivo-Funcional, procura explicar as diferentes formas assumidas pelas Interrogativas de Conteúdo, com base no alinhamento entre sua codificação no nível Morfossintático e as formulações ocorridas nos níveis Interpessoal e Representacional. Na verdade, como este trabalho se insere no campo dos estudos funcionalistas, torna-se improvável conceber as diferentes ordens de constituintes e a ocorrência de clivagem nas Interrogativas de Conteúdo como decorrentes de operações transformacionais/derivacionais, ou de processo de extração-WH, de elevação de verbos, de apagamento de constituintes. Julgamos, aqui, que a estrutura subjacente da oração, uma vez construída, permanece intocável em todas as representações pertinentes até receber sua forma final na expressão morfossintática.
As Interrogativas De Conteúdo Na História Do Português Brasileiro
- Gramática, Linguística
- 7 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.