Os trabalhos artísticos de Rodchenko, bem como de boa parte da vanguarda soviética em geral, chegaram ao ocidente por meio de Alfred Barr Jr., o fundador do Museu de Arte Moderna de Nova York, MoMA. De dezembro de 1927 até fevereiro de 1928 Barr esteve na Rússia visitando artistas da vanguarda e suas obras e, em 3 de janeiro de 1928, ele esteve na casa de Rodchenko, tomando conhecimento de suas pinturas, pôsteres, construções tridimensionais, design de livros e fotografias. Em 1936, ele organizou no museu novaiorquino a exposição Cubism and Abstract Art, onde constavam algumas pinturas de Rodchenko. Leah Dickerman chamou a atenção para o tratamento até certa forma despolitizado com que as obras da vanguarda russa foram tratadas na exposição. Efetivamente, Barr optou por colocá-las como um desdobramento do cubismo. Mesmo nos momentos em que reconhecia o caráter político do pensamento destes artistas, ele o distanciava das obras de arte em si. Sobre o grupo LEF, do qual Rodchenko foi um importante membro.
No ocidente, tal contato com a arte de Rodchenko, feito via o MoMA de Barr, deu origem a duas características que ainda hoje podem ser encontradas em alguns dos estudos acadêmicos e publicações sobre o artista: a leitura e análise da obra artística destacada de seu âmbito sóciopolítico mais abrangente, e a ligação dos autores que o estudam a esta instituição.
A visão mais despolitizada referente às fotografias de Rodchenko teria origem, segundo Margarita Tupitsyn, ainda na União Soviética. A autora elaborou tal posição partindo da contribuição de um importante historiador da arte, Sergei Morozov, que em 1958 publicou a primeira pesquisa sobre a história da fotografia russa na era pós-stalinista, Sovetskaia khudozhestvennaia fotografiia [Arte fotográfica soviética]. Nesta obra, que também se tornou fonte para os primeiros pesquisadores ocidentais da fotografia russa, Morozov teria optado por estabelecer uma leitura das imagens fotográficas a partir de parâmetros da pintura e da arte tradicional, deixando de lado seu conteúdo político, como estratégia para que não houvessem censura ou represálias políticas sobre seu estudo, uma vez que a vanguarda da década de 1920, a partir da subida de Stálin ao poder, foi renegada e perseguida. Deste modo, Morozov, ao mesmo tempo que teria retirado do esquecimento os fotógrafos e a fotografia soviética, também teria iniciado uma tradição de interpretação apolítica destas imagens.
A Fotografia Eloquente: Arte E Política Nas Fotografias De Aleksandr Rodchenko
- Ciências Sociais, Fotografia, Teses E Dissertações
- 10 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.