
Esta obra analisou os conceitos de partido, hegemonia e socialismo a partir da teoria gramsciana, relacionando-os com a concepção teórica e a experiência prática do Partido dos Trabalhadores – PT (Brasil) e do Bloco de Esquerda – BE (Portugal), no contexto nacional e internacional.
Não tivemos a pretensão de fazer uma análise historiográfica, até porque isso demandaria outra pesquisa. Elaboramos um breve histórico e uma rápida contextualização dos partidos, mas focamos a pesquisa em alguns aspectos da história recente do PT e do BE, fundamentalmente as últimas convenções, campanhas e compromissos políticos assumidos nacional e internacionalmente.
Verificamos uma expressiva relação entre os conceitos gramscianos e a terminologia utilizada por estes dois partidos, tanto nos documentos oficiais quanto nos discursos da militância. A teoria de Antônio Gramsci influenciou intensamente o PT, em especial nas tendências vinculadas a determinadas vertentes do marxismo e da esquerda católica, que habitualmente utilizam expressões de origem gramsciana como “hegemonia”, “disputa de hegemonia”, “sociedade civil”, “bloco histórico”, “guerra de posição”, “intelectual orgânico”, entre outras.
De forma semelhante, verificamos que a terminologia utilizada pelo BE nos documentos oficiais e meios de informação do partido possui identificação com a teoria de Gramsci, mesmo quando este não é diretamente citado. Também constatamos, a partir das entrevistas feitas com dirigentes nacionais de ambos os partidos, que em menor ou maior grau, tanto o PT quanto o BE foram e continuam sendo influenciados pela teoria gramsciana.
Diante de tais constatações, procuramos identificar e analisar como estes partidos vêm abordando a teoria de Gramsci em seus discursos e documentos oficiais, bem como compreender as mudanças teóricas e práticas que vêm acompanhando a trajetória destes dois partidos.
Abordamos as semelhanças e as diferenças entre a práxis do “PT das origens” e a práxis do “PT dos dias de hoje”, destacando as mudanças teóricas e práticas que resultaram em rupturas internas e na formação de outros partidos, como o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), o Partido da Causa Operária (PCO) e, mais recentemente, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).
Do mesmo modo, destacamos as transformações pelas quais tem passado o BE, que apesar de sua curta idade (quase vinte anos mais jovem que o PT), também sofreu cisões que resultaram noutros partidos, como o Movimento Alternativa Socialista (MAS) e o Partido Livre/Tempo de Avançar (L/TDA).











