
Capitalismo E A Saúde Pública foi fruto do mestrado do autor, defendido em 1983, na Faculdade de Medicina da USP. O cenário do Brasil neste momento, era composto por muitos engajados na luta social contra a ditadura e tinham elegido a militância no campo da saúde pública, em São Paulo, como uma frente de ação política que apostava que uma nova sociedade era possível, centrada em práticas sociais organizadas de modos coletivos e na íntima relação entre as políticas de governo, sua gestão e os movimentos populares que agitavam o país.
A nova reedição desse clássico contribui para se compreender a importância dos movimentos de luta social como protagonistas na formação das políticas públicas, por uma sociedade mais democrática e justa.
Poucos têm sido os estudos sobre Saúde Pública entre nós, que permitem uma compreensão deste campo de atividades para além dos seus aspectos organizacionais burocrático-administrativos ou técnico-científicos em geral.
A maior parte tem enfocado o conjunto das práticas sanitárias, fundamentalmente como prática científica que visa as ações coletivas de saúde, em função do “bem estar de uma coletividade”.
O questionamento, que a maioria dos estudos mais críticos tem levantando, é de que as referidas práticas não tem contribuído para a consecução daquele fim, devido à sua posição subalterna no conjunto das ações de saúde e/ou inadequação da organização dos seus instrumentos meios.
No entanto, a compreensão deste campo de atividades como um campo de práticas sociais, que expressam o conjunto das relações sociais, das quais a Saúde Pública é um componente orgânico, tem sido muito mais um “privilégio” das análises, que têm como objeto de estudo a prática médica em geral.
Vários autores, entre eles Maria Cecília Ferro Donnangelo, têm mostrado que a compreensão da prática médica é vincula à perspectiva que ela é, antes de tudo, uma prática social de um modo de produção específico, e com isto afirmam que a mesma constitui o conjunto das práticas sociais, no interior das sociedades capitalistas, que visam a produção e a reprodução das relações de exploração econômica de classe e de dominação política-ideológica particular, do capital sobre o trabalho – da burguesia sobre o proletariado.
