História Da Psicanálise Na França Vol. II
– Este segundo volume da obra é o volume Lacan, são os anos Lacan – pivô de toda esta história e verdadeiro fundador do movimento psicanalítico francês. Roudinesco enfrenta, em seu trabalho, a tarefa monumental de narrar e ordenar esta história tão complexa com objetividade excepcional e profunda reflexão crítica: um exemplo de como as histórias são, por si próprias, ensinamentos.
Este volume, em sua primeira parte, recua até 1925 para tratar da implantação da psicanálise nos meios literários e oferece um ângulo completamente novo do período revisitado. Escritores e poetas – como os surrealistas, o grupo da Nouvelle Revue Française, Gide e Bréton – criam uma representação do freudismo bastante original e distante das aspirações médicas dos doze pioneiros. Intelectuais – como Henri Wallon e Georges Politzer – começam a definir as bases da história das relações entre a psicanálise e o movimento comunista.
A primeira parte conclui com a evocação da juventude de Jacques Lacan: sua figura e sua obra irrompem na cena cultural francesa para nunca mais deixá-la ao longo de cinqüenta anos. Tudo que aconteceu em psicanálise nesse período – debates, cisões, avanços teóricos, experiências clínicas, reformas institucionais – girou em torno dessa personalidade excepcional. Nesse sentido, este segundo volume da História Da Psicanálise Na França é a primeira biografia de Lacan, assim como a primeira exposição sistemática do desenvolvimento histórico e político de sua doutrina.
A segunda parte retrata os anos da ocupação da França pelos nazistas, a liberação e a guerra fria. As relações com o marxismo, com os estruturalismos e com a igreja católica; os mecanismos de poder nas instituições psicanalíticas e as divergências entre as várias escolas são algumas das questões essenciais tratadas nesta parte, que se refere também à psicanálise alemã sob o III Reich, à psicanálise italiana e ao desenvolvimento do freudismo nos Estados Unidos.
A situação contemporânea da psicanálise francesa é o objeto da terceira parte da obra: Althusser, Derrida e as instituições do freudismo francês têm como contraponto os acontecimentos de maio de 1968, o movimento de mulheres e a introdução da psicanálise na universidade. O volume termina com a morte de Lacan, a dissolução de sua escola e a avaliação de cem anos de psicanálise na França – a batalha dos cem anos.