De Baixo Para Cima
– Este é um livro de provocações. Sem nenhuma intenção de esgotar o assunto, buscamos trazer reflexões e pontos de vista que nem sempre têm estado presentes no radar dos debates que se dão em torno da Cultura, da Inovação e de suas interfaces com a chamada Economia Criativa, concepção que ainda está em aberto para muitos dos intelectuais, pesquisadores, formuladores e agentes do campo cultural brasileiro.
A expressão que escolhemos para título deste livro, De Baixo Para Cima, vem sendo utilizada por inúmeros autores. Algumas vezes, mesmo em textos escritos em português, ela aparece no original em inglês, bottom-up, da mesma forma que seu oposto, top-down.
Nos últimos anos, de baixo para cima tornou-se uma metáfora forte para descrever processos participativos, de engajamento e colaboração, surgindo, tanto em discussões sobre liderança e gestão, quanto no desenvolvimento de softwares. Nessas disciplinas, assim como em outras, podemos ser submetidos a processos de baixo para cima ou de cima para baixo.
No século XX, o rádio, a televisão e as grandes corporações de mídia consagraram a comunicação no modelo de broadcast, isto é, de um para muitos e de cima para baixo.
No apagar das luzes do mesmo século, no entanto, a popularização da internet e das tecnologias digitais descentralizou os polos de emissão, passando a permitir a circulação, em larga escala, e em todas as direções, de diferentes pontos de vista, vozes, cores e sotaques, em trocas polifônicas, de muitos para muitos: “tudo junto e misturado”, como no rap de MV Bill.
No universo da Cultura, ainda são hegemônicas as ações que se desenvolvem de cima para baixo, de forma hierárquica e verticalizada, em um modelo industrial tradicional.
Nos últimos anos, porém, vêm ganhando corpo iniciativas que se orientam em outro sentido, valorizando o conhecimento comum e as contribuições de cada agente do processo. Constituem o que se poderia identificar como uma “inteligência coletiva criativa”, uma desdobra da postulação do estudioso francês da cultura contemporânea Pierre Lévy.
Esta, calcada nas premissas de que ninguém sabe tudo, de que todos têm algo para contribuir e de que a inteligência individual é sempre fruto do que se aprendeu em experiências e interações anteriores com outros indivíduos, tem como base e objetivo, de acordo com o autor, “o reconhecimento e o enriquecimento mútuo das pessoas”.
Todos os artigos deste livro dialogam, de alguma forma, com articulação, compartilhamento, colaboração, mobilização, protagonismo, diversidade e direitos culturais – temáticas cujos horizontes foram fortemente ampliados, direta ou indiretamente, pelos paradigmas comunicacionais contemporâneos.
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