Crack: Contextos, Padrões E Propósitos De Uso

Vive-se atualmente um momento em que os meios de comunicação de massa divulgam, em tons indignados, aspectos da miséria e violência disseminados pela sociedade brasileira.


Restringem, porém seu foco a determinados fenômenos, como o uso de crack entre setores da população excluídos das benesses do progresso e desenvolvimento trazidos pelo modelo socioeconômico vigente.
Apresentam a questão como sendo um problema de patologias individuais, causadas por uma droga maligna, desviando a atenção das condições mais gerais em que vive a maior parte da população atingida. A própria noção de “epidemia de crack” revela o desejo de se medicalizar um problema de natureza social, já que nesse caso não existe um vetor biológico, como um vírus, por exemplo, e sim um comportamento que se dissemina em determinado contexto.
Mesmo entre aqueles cientistas que não abdicam do conceito de epidemia para tentar entender o fenômeno, observa-se uma critica à maneira imprópria como se apresenta a prevalência do uso da substância.
Assim, um estudo realizado em 2010, entre uma amostra probabilística multiestágio de 50.890 estudantes brasileiros de ensino fundamental e médio das 27 capitais de estado mostrou que, considerando uso na vida e uso no ano anterior de crack, não houve nenhuma mudança significativa em relação aos dados do levantamento nacional realizado em 2004.
Portanto, enfatizam os autores, que de nenhuma maneira se encontra base científica para o uso do termo epidemia decrack como vem sendo feito pelos meios de comunicação.
Retratando os miseráveis, de maneira estreita e preconceituosa,
deixa-se de apontar as inúmeras deficiências dos serviços que deveriam atender às suas necessidades, as deficiências crônicas das áreas de saúde, educação e segurança.
Elegendo, como a grande responsável pela violência, uma determinada substância ilícita, consumida por uma pequena minoria sem nenhum poder político ou econômico, ignora-se
a substância realmente implicada em uma grande parte da mortalidade, violência e doença ocorrendo no país: o álcool.
Enquanto publicações se mostram indignadas com as cracolândias, estampam, sem nenhuma crítica ou restrição, anúncios de bebidas e de grandes festas populares promovidas por cervejarias, como o carnaval ou o Oktoberfest.

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Vive-se atualmente um momento em que os meios de comunicação de massa divulgam, em tons indignados, aspectos da miséria e violência disseminados pela sociedade brasileira.
Restringem, porém seu foco a determinados fenômenos, como o uso de crack entre setores da população excluídos das benesses do progresso e desenvolvimento trazidos pelo modelo socioeconômico vigente.
Apresentam a questão como sendo um problema de patologias individuais, causadas por uma droga maligna, desviando a atenção das condições mais gerais em que vive a maior parte da população atingida. A própria noção de “epidemia de crack” revela o desejo de se medicalizar um problema de natureza social, já que nesse caso não existe um vetor biológico, como um vírus, por exemplo, e sim um comportamento que se dissemina em determinado contexto.
Mesmo entre aqueles cientistas que não abdicam do conceito de epidemia para tentar entender o fenômeno, observa-se uma critica à maneira imprópria como se apresenta a prevalência do uso da substância.
Assim, um estudo realizado em 2010, entre uma amostra probabilística multiestágio de 50.890 estudantes brasileiros de ensino fundamental e médio das 27 capitais de estado mostrou que, considerando uso na vida e uso no ano anterior de crack, não houve nenhuma mudança significativa em relação aos dados do levantamento nacional realizado em 2004.
Portanto, enfatizam os autores, que de nenhuma maneira se encontra base científica para o uso do termo epidemia decrack como vem sendo feito pelos meios de comunicação.
Retratando os miseráveis, de maneira estreita e preconceituosa,
deixa-se de apontar as inúmeras deficiências dos serviços que deveriam atender às suas necessidades, as deficiências crônicas das áreas de saúde, educação e segurança.
Elegendo, como a grande responsável pela violência, uma determinada substância ilícita, consumida por uma pequena minoria sem nenhum poder político ou econômico, ignora-se
a substância realmente implicada em uma grande parte da mortalidade, violência e doença ocorrendo no país: o álcool.
Enquanto publicações se mostram indignadas com as cracolândias, estampam, sem nenhuma crítica ou restrição, anúncios de bebidas e de grandes festas populares promovidas por cervejarias, como o carnaval ou o Oktoberfest.

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