Edith Hahn era uma mulher austríaca extrovertida e de opinião forte quando a Gestapo aprisionou os judeus em um gueto e, depois, em um campo de trabalhos forçados. Quando Edith retornou à Viena, ela sabia que seria cassada pelos nazistas.
Resolve, com a ajuda de uma amiga cristã, criar uma nova identidade. Assim emerge Grete Denner. Foi como Grete que ela conheceu Werner Vetter, um membro do partido nazista que se apaixonou perdidamente por ela.
Apesar de seus protestos e de confessar ser judia, Werner a pediu em casamento e manteve sua identidade em segredo. Neste relato incrível, Edith conta como era viver em constante medo.
Ela revela como os oficiais nazistas casualmente questionavam a linhagem de seus pais; como ela recusou analgésicos durante o parto de sua filha; o momento em que seu marido foi capturado pelos soviéticos e ela foi expulsa de sua casa, escondendo-se em escombros porque soldados russos bêbados estupravam mulheres na rua.
Suas experiências formam um testemunho emocionante de um dos períodos mais avassaladores da história.
A história que conto aqui foi intencionalmente enterrada por muito tempo. Como muitas pessoas que sobreviveram a uma grande calamidade na qual muitos outros perderam as próprias vidas, eu não conversava sobre a minha vida clandestina como fugitiva da Gestapo, vivendo com uma identidade falsa nas sombras da sociedade na Alemanha nazista, mas preferi esquecer o máximo possível e não sobrecarregar as novas gerações com lembranças tristes. Foi a minha filha, Angela, que me estimulou a contar minha história, deixar um registro escrito, revelar tudo ao mundo.
Em 1997, decidi leiloar meu arquivo de cartas, fotografias e documentos da época da guerra. Na Sotheby’s, em Londres, o arquivo foi comprado por dois amigos de longa data e filantropos dedicados à História — Drew Lewis e Dalck Feith. Sua intenção era doá-lo para o Museu Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, em Washington, D.C., onde se encontra até hoje. Tenho uma enorme gratidão por ambos pela generosidade e preocupação. Os documentos naquele arquivo ajudaram a despertar muitas lembranças. E sou grata à minha colaboradora, Susan Dworkin, pela compaixão e compreensão enquanto me ajudava a expressá-las.