
A obra dispersa de Eça de Queirós, desde os seus primeiros folhetins na Revolução de Setembro e na Gazeta de Portugal até à sua assídua colaboração na Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, e na Revista Moderna, é muito vasta, muito variada e encerra algumas das mais maravilhosas páginas do grande e saudoso escritor.
Os seus editores começam, com a publicação do presente volume, a compilação da obra póstuma e dispersa, recolhendo cuidadosamente esse riquíssimo espólio, para o salvar, pelo livro, do esquecimento a que o condenariam a dispersão das folhas diárias e a sua efêmera vida.
Os Contos compreendem todos os escritos deste gênero que Eça de Queirós nos deixou, a partir das Singularidades Duma Rapariga Loura.
Os seus primitivos escritos na Revolução e na Gazeta de Portugal, obra mista de fantasia e de crítica, seguir-se hão a este em outro volume, já no prelo, e a que uma feliz indicação do Sr. Jaime Batalha Reis nos revelou o próprio título que o autor determinara dar-lhe: Prosas Bárbaras.
Mais três volumes serão destinados a coligir as suas correspondências para os jornais brasileiros, conservando-se-lhes como títulos as rúbricas sob que ali eram publicadas: Cartas de Inglaterra, Ecos de Paris e Cartas Familiares; e outros dois encerrarão a sua copiosa vária, onde se misturam impressões de literatura e de arte, artigos sobre política geral, estudos biográficos, notas de viagem, ensaios, críticas, polêmica, etc.
Completará esta série um derradeiro volume com o precioso inédito do S. Cristóvão,tal como o admirável artista o deixou: um esboço magnífico, um verdadeiro improviso, traçado com largueza numa primeira fatura pronta e fluente, onde a sua imaginação e a sua prosa brotam em jorros impetuosos e borbulhantes, em contrário da falsa lenda que fazia de Eça de Queirós um criador moroso, e um escritor sem espontaneidade.
A título de curiosidade, para mostrar o poder de desenvolvimento e ampliação das suas faculdades imaginativas e como um exemplo dos seus processos de trabalho, inserimos no presente volume o conto intitulado Civilização, que o autor, amplificando-o, transformou depois na deliciosa novela A Cidade e as Serras.
