Inconformados com a recusa de suas obras pelo Salão oficial francês, alguns artistas reuniram suas pinturas no que ficou conhecido como o Salão dos Recusados. Esse caráter de contestação está presente nos primórdios do impressionismo, movimento revolucionário que iniciou a arte moderna e teve como mestres Manet, Degas, Monet e Renoir.
Deixando de lado as cenas religiosas e mitológicas, além de outras convenções tradicionais da pintura, o impressionismo deu cor a cenas da vida diária a partir das mudanças de luz e do movimento e influenciou outros gênios, como Toulouse-Lautrec, Gauguin, Cézanne e Van Gogh, a desbravarem novos caminhos para a arte.
As reticências dos primeiros dias foram rapidamente substituídas por uma admiração que não parou de fazer adeptos: o termo “impressionismo”, destinado, como sabemos, a fazer rir os leitores da edição de 25 de abril de 1874 do jornal Le Charivari, foi recuperado justamente por aqueles que inicialmente haviam sido o objeto de zombaria.
Logo se tornou o título de uma publicação que os apoiou por um breve período e, um pouco mais tarde, ganhou a posição de um “abre-te sésamo”, conquistando um lugar de honra dentro do batalhão de “-ismos” a partir do qual o século XX construiu uma certa visão evolutiva da história da arte.
Essa maneira de congregar o que alguns consideravam um movimento obteve tal sucesso que logo praticamente todo mundo se apoderou de uma palavra de significado estritamente delimitado para transformá-la em uma nuvem de contornos indistintos, mas capazes de se adaptar a certas leis, especialmente as do mercado da arte.
É evidente que a essa forma vaga correspondem algumas certezas aproximativas. Nossa intenção não é e não pode ser a de reescrever uma história dos homens e das obras que foram reunidos sob esse vocábulo pela primeira vez. Visa unicamente a analisar, com o olhar desapaixonado de um apreciador racionalista do século XXI, alguns comentários do século XX, provavelmente demasiado próximos dos acontecimentos para serem totalmente objetivos.
Impressionismo
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