Erro, Ilusão, Tragédia

O livro defende que não se vai encontrar uma teoria do conhecimento em Nietzsche, mas antes uma suposta Teoria do Erro.

Com o livro de Daniel Temp, Erro, Ilusão, Tragédia: Aporias Do Conhecimento Nos Primórdios Da Filosofia De Nietzsche, a Pesquisa-Nietzsche brasileira preenche, finalmente, uma importante lacuna teórica que ainda permanecia a propósito dos textos do jovem Nietzsche.

Trata-se do enfrentamento da aporia contida na crítica que Nietzsche faz ao conhecimento, aporia essa expressa pela tese de que conhecimento é erro e que a verdade não passa de ilusão.

Se em textos posteriores às Considerações Extemporâneas uma abordagem que não é puramente epistêmica já era relativamente corrente na pesquisa brasileira, a ênfase nos textos iniciais de Nietzsche sobre a questão, somada à envergadura teórica que Daniel Temp confere à sua hipótese, contribui de maneira relevante com a Pesquisa-Nietzsche no Brasil.

Em linhas gerais, o livro defende que não se vai encontrar uma teoria do conhecimento em Nietzsche, mas antes uma suposta Teoria do Erro, isto é, uma investigação que não hesita declarar errôneos muitos dos pressupostos do próprio discurso teórico que a enuncia e daquilo tudo que demandamos, como seres humanos, por conhecimento e verdade.

Nesse sentido, a radicalidade da crítica de Nietzsche revela não uma suposta verdade, mas, por questão de probidade, o reconhecimento trágico de que conhecimento é erro — um reconhecimento cuja tragicidade altera tanto a vida filosófica quanto a imagem que fazemos de nós mesmos e a maneira como compreendemos nossa existência.

O núcleo da aporia que o texto de Daniel Temp enfrenta consiste menos em um exercício crítico em que Nietzsche põe em xeque a preocupação com a verdade ou falsidade dos nossos juízos epistêmicos, e muito mais um exercício de crítica dos próprios pressupostos que empregamos para conhecer.

Cada um de nós anseia conhecer e ter algo por válido/verdadeiro, sem considerar, porém, que justamente o aparato cognitivo e conceitual que empregamos para conhecer – mesmo que não o formulemos em termos teóricos em nosso dia-a-dia – nos prega uma peça na medida em que percebemos, na radicalidade da crítica, que esse conhecimento que reivindicamos é um castelo construído sobre a areia, uma empresa cujos pressupostos falham em preencher as exigências normativas que demanda o conceito de conhecimento em que acreditamos.

Como escreve Daniel Temp, a famigerada tese de que conhecimento é erro “não enuncia algo como um conceito inédito de conhecimento, mas sim o desfecho de uma autorreflexão radical do conhecimento sobre os próprios fundamentos.”

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O livro defende que não se vai encontrar uma teoria do conhecimento em Nietzsche, mas antes uma suposta Teoria do Erro.

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Trata-se do enfrentamento da aporia contida na crítica que Nietzsche faz ao conhecimento, aporia essa expressa pela tese de que conhecimento é erro e que a verdade não passa de ilusão.

Se em textos posteriores às Considerações Extemporâneas uma abordagem que não é puramente epistêmica já era relativamente corrente na pesquisa brasileira, a ênfase nos textos iniciais de Nietzsche sobre a questão, somada à envergadura teórica que Daniel Temp confere à sua hipótese, contribui de maneira relevante com a Pesquisa-Nietzsche no Brasil.

Em linhas gerais, o livro defende que não se vai encontrar uma teoria do conhecimento em Nietzsche, mas antes uma suposta Teoria do Erro, isto é, uma investigação que não hesita declarar errôneos muitos dos pressupostos do próprio discurso teórico que a enuncia e daquilo tudo que demandamos, como seres humanos, por conhecimento e verdade.

Nesse sentido, a radicalidade da crítica de Nietzsche revela não uma suposta verdade, mas, por questão de probidade, o reconhecimento trágico de que conhecimento é erro — um reconhecimento cuja tragicidade altera tanto a vida filosófica quanto a imagem que fazemos de nós mesmos e a maneira como compreendemos nossa existência.

O núcleo da aporia que o texto de Daniel Temp enfrenta consiste menos em um exercício crítico em que Nietzsche põe em xeque a preocupação com a verdade ou falsidade dos nossos juízos epistêmicos, e muito mais um exercício de crítica dos próprios pressupostos que empregamos para conhecer.

Cada um de nós anseia conhecer e ter algo por válido/verdadeiro, sem considerar, porém, que justamente o aparato cognitivo e conceitual que empregamos para conhecer – mesmo que não o formulemos em termos teóricos em nosso dia-a-dia – nos prega uma peça na medida em que percebemos, na radicalidade da crítica, que esse conhecimento que reivindicamos é um castelo construído sobre a areia, uma empresa cujos pressupostos falham em preencher as exigências normativas que demanda o conceito de conhecimento em que acreditamos.

Como escreve Daniel Temp, a famigerada tese de que conhecimento é erro “não enuncia algo como um conceito inédito de conhecimento, mas sim o desfecho de uma autorreflexão radical do conhecimento sobre os próprios fundamentos.”

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