No Brasil, o interesse por assuntos de nossa história e pela memória de seus personagens importantes é muito limitado. Nossos museus não recebem apoio financeiro apropriado e são escassamente frequentados, as pesquisas históricas são pouco divulgadas e, de uma maneira geral, dá-se mais atenção para o que ocorre fora do país do que dentro dele. A prática generalizada de traduções de livros didáticos de autores estrangeiros condiciona que os estudantes tomem conhecimento mais aprofundado da flora e fauna de outros países do que das espécies brasileiras. É por isso que estou muito grato que os autores desta obra tenham dedicado seus esforços para a divulgação de aspectos históricos da genética no Brasil.

Outro ponto positivo do livro é que ele é destinado não só a profissionais acadêmicos, mas também a estudantes em todos os níveis e ao público não acadêmico em geral. Além disso, adicionado ao descaso pela nossa memória, a nossa sociedade em geral e os nossos governantes em particular não dão a importância merecida à pesquisa científica. Assuntos de ciência, com poucas exceções, não recebem a devida cobertura na mídia, ao contrário da pseudociência da astrologia, que é sempre bem representada. Isso sem considerar a atividade danosa de cultores da anticiência e de assuntos místicos.

Em termos históricos, a genética pode ser considerada privilegiada em comparação com outras ciências no Brasil, por ter se inserida desde cedo no panorama científico internacional, basicamente devido aos esforços dos personagens apresentados neste livro. Mas não é só isso. A genética ocupa atualmente uma posição central, que se irradia por todo o saber biológico e está contribuindo para que tenhamos conhecimento do que somos e do que o futuro nos reserva. As suas aplicações estendem-se desde a produção de alimentos de melhor qualidade e mais abundantes até toda a área da medicina humana e animal, passando por questões importantes para a nossa vida social, como a elucidação de crimes e a paternidade responsável.

Não é maravilhoso?