Um estudo sobre os generais de Hitler deve forçosamente começar com o próprio Hitler, uma vez que, sem ele, não teria havido nem vitórias nem derrotas, nem bastões de marechal nem conspirações que culminaram em um atentado a bomba, e muito menos julgamentos por “cortes populares” ou tribunais militares internacionais, e tampouco enforcamentos e, finalmente, nenhuma guerra, em absoluto.
Adolf Hitler foi, como Bonaparte, um fracasso estrondoso como caudilho supremo, mas, ao contrário deste último, até agora não foi glorificado por um mito póstumo que atenue, através de explicações, todos os seus erros políticos e militares e lhe atribua objetivos construtivos, nobres, que ele nunca teve.
Exceto por alguns historiadores criptofascistas, ninguém até agora tentou argumentar que Hitler teria evitado determinadas calamidades e obtido a vitória final, não fossem as cincadas de seus generais. Ainda assim, são óbvios os paralelos entre Hitler e Bonaparte.
Conquanto proclamassem em altas vozes seu patriotismo, foram ambos estrangeiros nos países que levaram à catástrofe. Foram, os dois, carreiristas, com contas a ajustar por supostas injustiças, e não ideais a realizar. Românticos, acalentavam fantasias grandiosas de conquista imperial.
Não conseguiram invadir a Inglaterra e resolveram tentar a sorte na Rússia, onde encontraram a destruição. Iniciaram suas guerras com uma sucessão de rápidas e retumbantes vitórias e acabaram perdendo-as em uma série de ferozes campanhas de desgaste. Ambos tinham pressa, compelidos a assim agir por razões econômicas e políticas, e foram, por conseguinte, jogadores colossais.
Mas há outro paralelo: as guerras que ambos iniciaram e conduziram deixaram em sua esteira duas Europas profundamente diferentes, em termos políticos e sociais, em comparação com as que existiam antes. Ainda assim, nenhum dos dois teve a intenção de criar essas novas Europas, ambos planejando coisas inteiramente diferentes.
Enquanto Bonaparte partiu para criar uma Europa dominada por um império francês, que se estenderia do Báltico ao Adriático, de Portugal à Prússia Oriental, pretendeu Hitler que a guerra que desencadeou deixasse em seu rescaldo um Reich alemão de “Mil Anos” e uma “Nova Ordem” européia, dominada pelos alemães, que se prolongasse do mar do Norte e do Atlântico até os Urais.
Os Generais De Hitler
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