
Ver este livro pronto me alegra. Porque ele fala do início de um processo que já soma quase dez anos de projetos, acertos e erros ligados ao tema.
Instalada no interesse da pesquisa científica e guiada pela curiosidade e boa dose de teimosia atravessei – praticamente sem perceber – várias questões ligadas ao modo tradicional da divisão do trabalho intelectual no Brasil, e neste período trabalhei por três diferentes centros de pesquisa da UNICAMP, onde desenvolvi habilidades e conhecimentos importantes para minha trajetória intelectual e para a compreensão do tema.
Apresento portanto o início minha trajetória inicial sobre o tema Multilinguismo No Mundo Digital, que parte de uma educação superior em letras, linguística e linguística computacional.
E como questões ligadas a noções de linguagem, língua, proficiência, território, estado, tecnologia, democracia, etc. foram se deslocando, na medida em que a discussão e os trabalhos avançaram.
Hoje, estes textos me parecem importantes porque mostram justamente a parte inicial da trajetória que percorri da teoria da linguagem para a filosofia temática e uma discussão a respeito de sistemas complexos e auto-organização.
É preciso deixar claro que só foi possível sob o signo inequívoco das novas tecnologias e do que essa estranha novidade pode nos fazer pensar em relação às línguas, culturas e aos nossos interesses como acadêmicos e como seres humanos.
As diferenças culturais e linguísticas no Brasil não se referem apenas a nossa relação com as etnias ameríndias, ou com as populações africanas escravizadas, ou com os imigrantes, esses outros nem sempre visíveis mas evidentes na nossa história. Ao pensar estas pluralidade de línguas e culturas (são estimadas aproximadamente sete mil línguas vivas no mundo hoje 2016) as relações se abrem em leque na direção de diversas comunidades que passam por situações semelhantes às que vivemos.
Meu maior aprendizado vem sendo pensar modos de promover intercâmbio de línguas e culturas visando o bem comum, de maneira solidária com diferentes sociedades e na nossa própria sociedade.
Ao me posicionar como pesquisadora, as diferenças linguísticas e culturais certamente estão presentes nas tradições e culturas acadêmicas de cada país. E trabalhar com esta temática e com quem pensa questões análogas implica necessariamente em aprender a trabalhar dentro deste cenário ou ao menos a considerá-lo.
