
Diante da ideia de abordar o ensino da leitura e da escrita (a alfabetização) numa perspectiva histórica, para tentar reconstruir o seu passado no presente, consideramos necessário levar em conta que, segundo Bloch, a “[…] palavra história é velhíssima: [tão velha que houve quem se cansasse dela. É certo que foi raro chegar-se ao ponto de a querer riscar inteiramente do vocabulário]”.
Obviamente, durante mais de dois mil anos de uso, essa palavra adquiriu diversos significados e muitos pensaram até em esquecê-la. Porém, de acordo com esse autor, é um erro considerá-la “ciência do passado” e também é absurda a ideia de que “[…] o passado, como tal, possa ser objeto da ciência”. Nesse sentido, segundo Le Goff, Bloch “[…] propunha que se definisse a história como a ‘ciência dos homens no tempo’”. Dessa forma, como sublinha Le Goff, ele pretendia assinalar caracteres da história.
Nessa direção, a partir do entendimento da história como “como ciência dos homens no tempo”, conduzimos a análise do ensino da leitura e da escrita no Espírito Santo tendo como referência a concepção bakhtiniana de linguagem, particularmente a sua noção de texto. Segundo Bakhtin, o texto escrito ou oral é um dado primário de análise de todas as disciplinas e, de modo geral, “[…] de qualquer pensamento filosófico humanista”.
Para esse autor, o texto “[…] representa uma realidade imediata (do pensamento e da emoção), a única capaz de gerar essas disciplinas e esse pensamento. Onde não há texto, também não há objeto de estudo e de pensamento”.
A delimitação do período, entre 1870 e 1930, pode ser explicada considerando-se, em primeiro lugar, que, no início da década de 1870, foi elaborado e promulgado o Regimento das Escolas de Letras, que detalhava sobre o modelo de ensino a ser usado nessas escolas. Nesse período, observamos ainda um intenso debate em torno dos métodos de ensino e das reformas da educação pública.
O final da década de 1920 coincide com a implantação da Escola Ativa no Espírito Santo. O movimento que levou à implementação dessa escola e, também, a forma como influenciou a alfabetização merecem tratamentos específicos.











