
Desde os seus primórdios, nos anos 60 do século passado, a subárea de política pública da Ciência Política chamava a atenção para que, diferentemente do que propunham outras disciplinas, o processo decisório e de implementação de políticas requeria não apenas coleta e processamento de informações, mas especialmente mecanismos para a resolução de conflitos entre os atores públicos, sociais, privados e os governos.
Em outras palavras, a solução dos constantes problemas identificados pelos diferentes stakeholders em relação às políticas públicas não estaria apenas no uso de informações, mas também nos desafios de coordenação entre os atores e as organizações que as formulam e implementam. No entanto, esse não um problema restrito aos governos, mas diz respeito a todas as grandes organizações, sejam públicas ou privadas.
A complexidade da coordenação de políticas não significa, todavia, que teorias não tenham sido formuladas sobre o tema nem que inexista coordenação de políticas. Não significa também que políticas não sejam formuladas nem implementadas; muito pelo contrário. Políticas são constantemente formuladas, reformuladas e implementadas, e mecanismos diversos de coordenação são utilizados.
Discutir essas questões é o objetivo deste trabalho, que está organizado em duas partes.
A primeira apresenta uma discussão teórica e empírica sobre políticas públicas e sua coordenação, e está dividida em oito seções. A primeira seção mostra como a subárea de políticas públicas entrou na agenda das ciências humanas. A segunda trata da coordenação como uma das dimensões das políticas públicas. A terceira discute a coordenação propriamente dita e como diversas teorias abordam o tema. A quarta e a quinta desdobram dois momentos da coordenação: no processo de formulação da política e no da sua implementação. A sexta e a sétima detalham as duas principais modalidades da coordenação: vertical e horizontal. A última analisa as reformas mais recentes do setor público que afetaram a forma e os mecanismos de produção de políticas, com consequências sobre a coordenação.
A segunda parte do livro ilustra como a coordenação de políticas públicas é feita no caso brasileiro, especialmente a partir da Constituição de 1988, e está subdividida, quando aplicável, nas mesmas seções que a Parte I.











