
Por muito tempo nos acostumamos a enxergar a Primeira República (1889-1930) como um período negativo – por isso ficou conhecida como República Velha – no que diz respeito ao exercício da cidadania da população, seja em termos da participação política eleitoral ou do direito a expressões culturais próprias e distantes dos valores europeus. Estamos habituados a versões históricas sobre a Primeira República – ainda presentes nos livros didáticos – que defendem o domínio quase absoluto de políticas voltadas para a europeização dos costumes e para a repressão aos movimentos políticos, sociais e culturais dos setores populares e negros. Se, de fato, essas políticas foram reais e marcantes, elas não foram a única história desse período.
Pesquisas recentes têm ajudado a dar visibilidade a diferentes experiências, no campo político e cultural, demonstrando a existência de muitas histórias de afirmação cultural, política e racial e de luta antirracista, silenciadas e não contadas, como as que iremos apresentar neste livro.
Neste sentido, começa a ser possível entender por que, até há pouco tempo, desconhecíamos as dimensões das histórias de Monteiro Lopes e Eduardo das Neves. Junto com muitos outros personagens negros, eles foram esquecidos por historiadores que se dedicaram ao estudo da Primeira República nos campos da política e da música popular no Brasil. Nosso esforço é exatamente buscar romper com essas lacunas e silenciamentos.
Este livro faz parte de uma coleção, o projeto coletivo “Personagens do pós-Abolição: trajetórias, e sentidos de liberdade no Brasil republicano”. O primeiro volume é dedicado a Monteiro Lopes, líder político, eleito deputado em 1909 pelo Distrito Federal (atual cidade do Rio de Janeiro), e Eduardo das Neves, artista que gravou inúmeras músicas na então nascente indústria fonográfica e publicou livros sobre canções populares.

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