Nos últimos meses a crise humanitária mundial aberta pela disseminação do Covid-19 parece estar produzindo um novo consenso, qual seja: a descrença no progresso sob as bases do neoliberalismo. As teses em defesa do mercado e do Estado Mínimo o qual gere a sociedade a partir da referência empresarial, “fazer mais com menos”, numa clara alusão à redução de custos e aumento dos ganhos parecem estar caindo por terra.
Parece haver o reconhecimento de que o mercado não é capaz de apresentar encaminhamentos coordenados que reúnam esforços humanos e recursos financeiros para salvar vidas. E, mais, ao que tudo indica, a gestão just-in-time da esfera pública foi fundamental para o agravo da crise pandêmica, sobre a qual especialistas já estavam alertando há algum tempo.
Pandemia Covid-19: A Distopia Do século XXI tem o intuito problematizar a vida sob a pandemia em países da América Latina e Europa, continente do labor, conforme Antunes, nomeadamente, Brasil, Argentina, Colômbia, Equador e Uruguai onde o vírus letal atinge uma massa de trabalhadores e trabalhadoras imersos numa longa história de superexploração e opressão, agravada pela destruição dos direitos sociais sob governos recentes de matiz neoliberal predatória como é caso da Argentina sob Macri, do Brasil, desde o golpe parlamentar que conduziu Temer (2016-2018) ao poder e tem a sua frente, agora, o governo de despojo de Jair Bolsonaro, e do Uruguai, que após anos de governos de coalisão de esquerda, experimenta o retorno da direita sob o governo de Luis Lacalle.
Pandemia Covid-19: A Distopia Do século XXI está organizado em dezesseis capítulos divididos em duas partes interligadas expressas pelos desdobramentos do coronavirus no Brasil e na América Latina e Europa, além da Introdução concernente a uma bela entrevista de Ricardo Antunes e que nos foi por ele gentilmente concedida.