A psicologia analítica está presente em muitas instituições de ensino superior, principalmente na formação de profissionais de psicologia, e se constitui em uma das abordagens teóricas mais citadas pelos psicólogos quando indagados a respeito da teoria que fundamenta sua prática.
O campo junguiano ultrapassa a graduação em psicologia, incluindo as instituições formadoras de analistas junguianos, a pós-graduação lato sensu (especialização) e o estudo autônomo de profissionais dedicados. Isso gera uma produção teórica de enfoque eminentemente clínico, sobretudo em livros.
De forma complementar, nos últimos anos, houve um incremento na presença da disciplina na pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado); entretanto, há pouco diálogo entre as produções acadêmica e geral do campo junguiano, mas observam-se profícuos trabalhos e pensamentos de colegas, docentes e pesquisadores.
Muitas dessas produções não versam exatamente sobre Jung, mas analisam e refletem temas a partir do pensamento do autor. Assim, temos diversas aplicações e desdobramentos da área, expondo novos desenvolvimentos, relatos de pesquisa, reflexões ou análises junguianas sobre temas contemporâneos, quadros psicológicos ou determinados comportamentos.
O pensamento junguiano desenvolveu-se ou foi elaborado a partir dos elementos e do conhecimento de história, antropologia, sociologia e mitologia. Normalmente, ao se falar de Jung, vêm à mente ingredientes do passado, em especial se pensarmos na ideia de arquétipos e inconsciente coletivo.
Dessa forma, quando elaboramos algum aspecto da teoria, utilizamos de preferência os mitos, a alquimia, a história, isto é, os aspectos sociais ou coletivos do passado, e articulamos com componentes do presente, que são dados clínicos e individuais, tais como sonhos, comportamentos e sentimentos manifestos na terapia.
Muitas vezes esquecemos que arquétipos, mitos e complexos atuam de forma coletiva no presente, na sociedade contemporânea, e lembramos pouco que a psicologia analítica, e particularmente Jung, também pensou de acordo com o seu tempo, cultura e as questões da época — por exemplo, seus escritos sobre os discos voadores e a sociedade europeia antes da Primeira Guerra Mundial.
Pensar o mundo de hoje não é simplesmente atualizar Jung ou a psicologia analítica, mas desdobrá-la, colocá-la em movimento, deixar que nos leve e que dela emerjam transformações em nós mesmos e nela própria. É o que pretende Diálogos Da Psicologia Analítica Na Pesquisa, que se coloca a todos os interessados nas reverberações do pensamento junguiano em direção a uma psicologia complexa, que procura a compreensão do humano, de seu mundo simbólico e de sua integralidade.