O tecido resultante do diálogo entre literatura e dramaturgia é tema geral de A Cena Simultânea: Literatura E Dramaturgia Em Urdidura. Mas, ao observar cuidadosamente esse alinhave a convite de Francisco Alves Gomes percebe-se com prazer e muito aprendizado que se trata de discussão ainda mais ampla e enriquecedora. Isso porque, ao ler o livro, o leitor vai encontrar as mais variadas formas de construir a ponte teatro, cinema e literatura. É como se o próprio livro se mostrasse performático. Em uma performance poética que dialoga muito clara e fortemente com a alma de seu organizador.
Francisco é professor, poeta e ator. Desenvolve performances em espaços cênicos variados: no teatro, na sala de aula, na rede, na rua. Assim, em um livro organizado por ele, não poderia deixar de transparecer em potência máxima seu interesse pelo texto dramático, pela dramaturgia, pelo teatro brasileiro e suas inúmeras interpretações na ambiência social. Estabelece-se aqui, como bem transparece no título, a cena simultânea.
São elementos desta cena a performance, a dramaturgia do oprimido, a estética e a política, o conflito intersubjetivo, o riso, a dramaturgia negra, a dramaturgia musical e a poesia para a infância. Encontra-se ainda no decorrer da leitura o processo dramatúrgico coletivo, o cômico, o cinema, a distopia, o teatro contemporâneo na Amazônia, o teatro como experiência na escola, a dramaturgia de Hilda Hilst.
O conjunto de fios que tece cuidadosamente A Cena Simultânea: Literatura E Dramaturgia Em Urdidura, e o põe em cena, compõe uma urdidura perfeita e propicia uma leitura que interessa ao campo das artes dramáticas e suas interdisciplinaridades. Lê-se com prazer um livro que lemos e que nos lê.