Nesta rica obra, rica de beleza, rica de arte, rica de sensibilidade, ciência e filosofia, Caciano Lima realiza uma importante pesquisa sociopoética sobre o que pode ser a prática dos arte-educadores e das arte-educadoras no espaço de um museu decolonial, sempre em processo educativo de diálogo crítico entre as culturas constitutivas do Mato Grosso do Sul, sem hierarquização nem aquelas censuras ou preconceitos que ainda mancham e matam as artes nas instituições.
Além do seu conhecimento detalhado da história e situação do MARCO, Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul, Caciano Silva Lima traz uma potente reflexão epistemológica e filosófica sobre o conceito de “decolonialidade” na perspectiva da educação intercultural crítica.
Assim, o grupo-pesquisador sociopoético constituído de 22 artes educadores e educadoras realizou uma intensa e profunda pesquisa coletiva sobre o sentido da arte no íntimo de cada um/a dos participantes, mobilizando o inconsciente de cada um/a, dando-lhe visibilidade, no respeito das diferenças e singularidades.
As técnicas do Jogo de Tarô e da fabricação de Bonecos foram escolhidas e deram resultados extremamente relevantes em termos de elaboração de problemas e criação de confetos (misturas de conceito e afeto) inéditos.
Como criador da Sociopoética devo deixar muito claro que não se trata, de jeito nenhum, de interpretar os dados de pesquisa produzidos graças a essa técnica a partir do sentido simbólico do Tarô tradicional, e sim de criar um jogo totalmente novo, com, como no Tarô, 22 cartas com nome, símbolo, imagem e número. Eis a única semelhança com o Tarô. Na sociopoética, o sentido desse jogo é criado pelo grupo-pesquisador e lhe pertence, nenhum poder vai se apossar dele.
O próprio pesquisador acadêmico Caciano Silva Lima foi o facilitador da pesquisa, responsável pela boa organização da mesma, pelas contra-análises propostas ao grupo a fim de discussão e, obviamente, pela interação dos conhecimentos criados coletivamente com os teóricos da área.
Na Sociopoética, quem pesquisa é o grupo-pesquisador, numa visão democrática e libertária da produção do conhecimento que enfatiza a criatividade e originalidade de cada um/a. Quem vai ler e saborear esta obra, importante contribuição na pesquisa museológica, poderá convencer-se do rigor e das exigências do método sociopoético, que já fecundou dezenas e dezenas de dissertações de Mestrado e teses de Doutorado.