
Se entendemos por revoluções científicas os acontecimentos de grande amplitude que renovam profundamente os conhecimentos e os questionamentos científicos, sua existência parece certa. Se formulamos a questão “O processo pelo qual o modelo heliocêntrico se impôs ao mundo científico foi revolucionário?”, essa pergunta parece não ter muitas alternativas, e a resposta é “Sim”
Revolucionária foi a vitória da teoria newtoniana da gravidade, revolucionária foi a teoria eletromagnética da luz, revolucionárias foram, no século XX, as transformações das físicas relativista e quântica, bem como o nascimento da biologia molecular. Se perguntarmos, no entanto, o que quer dizer exatamente revolução científica e de que espécie são as transformações que o termo designa, perceberemos que seu significado não é tão claro como à primeira vista pode parecer.
Parece existir um consenso quando nos referimos à atividade científica: seu progresso no decurso dos últimos séculos é inquestionável. As transformações produzidas pela ação sistematizada do homem sobre a natureza constituem, no entanto, um desafio constante. De um lado, encontramos o homem desejoso de conhecer para ampliar seus domínios e, de outro, a natureza com seus segredos a instigar o processo criativo do homem.
A ciência, como atividade que possibilita um tipo especial de relação entre o homem e o mundo natural, encontra parte de sua estruturação nos mecanismos da racionalidade humana, que procura os dados da natureza, e parte na própria natureza, que, transparente, deixa-se apreender. Não são poucos os problemas e os questionamentos que emergem dessa complexa atividade denominada ciência.
Caracterizar o progresso da ciência quando ela é entendida como atividade que se desenvolve no interior de um paradigma, conforme Kuhn, e como atividade identificada como metodologia de programas de pesquisa, de acordo com Lakatos, bem como marcar as diferenças originadas da convicção comum aos dois autores, de que a ciência é um empreendimento condicionado por sua história, são os objetivos que constituem o fio condutor desta Introdução Ao Pensamento De Imre Lakatos E Thomas Kuhn.
