
A coletânea reúne parte dos artigos apresentados, nos últimos anos, no GT “Comunicação e Experiência Estética” da Compós.
Através desta coletânea de textos, busca-se introduzir o leitor a um estado atualizado das idéias e debates que têm orientado, nos últimos anos, um importante campo de reflexão que tenta fazer convergir o estudo dos fenômenos, produtos e processos comunicacionais da cultura contemporânea e seu estatuto de vetor de experiências estéticas, no modo particular com o qual esta última pode ser conceituada – através do recurso a tradições anteriores e estágios contemporâmneos da discussão nesse importante ramos da filosofia acadêmica.
Pelo modo como tal interseção é promovida, o enlace entre comunicação e experiência estética coloca no centro dessas discussões um universo empírico de manifestações que não são costumeiros da vertente na qual essas reflexões se travam, no seu âmbito filosófico.
É assim o caso de se reconhecer que um perfil característico do registro no qual os vocabulários estéticos se insinuam nos estudos da Comunicação reclama um lugar apropriado para os produtos da cultura dos modernos meios de comunicação – o que se evidencia inclusive pelo traço quase institucionalizado da presença do cinema e da fotografia, já aceitos plenamente como tópicos de discussão estética, em campos como o da história e da filosofia da arte.
Por outro lado, contudo, há um aspecto dessa discussão sobre o “estético” na comunicação que ainda tem merecido pouca atenção, a saber, o fato de que a pedagogia da transmissão dos saberes filosóficos em nossa área de estudos ainda padece de vícios já devidamente tematizados e criticados em suas fontes disciplinares: no caso dos saberes estéticos, trata-se de assimilação irrefletida entre tal estatuto e os objetos do mundo da arte – caráter de definição das tarefas de uma teoria estética que já foram devidamente esquadrinhados pela discussão conceitual, a ponto de fazer uma inflexão que demarca as fronteiras entre o “estético” e o “artístico”, de modo a consignar para o primeiro um estatuto relativamente independente da matriz artística dos fenômenos que provocam um tal estado distintivo de nossa sensibilidade.
Naquilo em que a diferença entre a matriz estética e a origem artística dos fenômenos de nosso interesse pode concernir a um campo de estudos como o da Comunicação, isto afeta gravemente a possibilidade de construção de um saber estético sobre fenômenos e processos comunicacionais: ela não mais concerne a uma interrogação sobre a viabilidade de estatuir o caráter “artístico” dos produtos comunicacionais (como já foi o traço da pedagogia que transmitiu tais saberes, em disciplinas ainda existentes nos cursos de comunicação, tais como “Estética e Cultura de Massa” ou “Estética da Comunicação”), mas sim a de avaliar os horizontes de “resposta sensível” que se podem depreender da eficácia simbólica e cultural de tais produtos.
