A Descoberta Do Inconsciente: Do Desejo Ao Sintoma

"O que sou eu?” — é a pergunta que leva Descartes a fundamentar pela primeira vez na história das idéias o conceito de sujeito. O projeto do Discurso do método se encontra explícito em seu próprio título: trata-se de “procurar a verdade nas ciências”.

O que é verdadeiro para Descartes é o que pode ser concebido “clara e distintamente” unicamente pela razão. Eis o passo precursor para o desenvolvimento da ciência moderna. O sujeito que será definido pelo método cartesiano não é outro senão o sujeito da ciência. É esse mesmo sujeito da ciência sobre o qual opera a psicanálise — eis a tese de Lacan. Sem o advento do sujeito com Descartes, a psicanálise não poderia ter vindo à luz.
Para responder à pergunta sobre “o que sou eu”, Descartes, em suas Meditações filosóficas, descarta de entrada os sentidos, pois estes são sempre enganadores, assim como o corpo próprio. O que vejo, o que ouço, apalpo ou sinto não me dizem o que sou; meu corpo tampouco me define. Descartes põe-se a duvidar da existência de tudo e concebe um Deus como um Gênio maligno cuja intencionalidade não é outra senão a de enganar o sujeito. Recusa assim qualquer autoridade externa, mesmo divina, que garanta a existência das coisas. Esse Deus enganador faz parte da dúvida hiperbólica de Descartes, a qual após colocar toda a existência em suspenso e anular todo o saber atinge seu ápice em um único ponto de certeza: o pensamento. Nesse duvidar de tudo uma coisa é pelo menos certa: que estou pensando. “… encontro aqui, diz Descartes, que o pensamento é um atributo que me pertence; só ele não pode ser destacado de mim. Sou, existo: isto é certo, mas por quanto tempo? O tempo que eu pensar, pois, talvez, se eu deixasse de pensar eu poderia deixar de existir. Não admito agora nada que não seja necessariamente verdadeiro: não sou senão uma coisa que pensa”.

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“O que sou eu?” — é a pergunta que leva Descartes a fundamentar pela primeira vez na história das idéias o conceito de sujeito. O projeto do Discurso do método se encontra explícito em seu próprio título: trata-se de “procurar a verdade nas ciências”. O que é verdadeiro para Descartes é o que pode ser concebido “clara e distintamente” unicamente pela razão. Eis o passo precursor para o desenvolvimento da ciência moderna. O sujeito que será definido pelo método cartesiano não é outro senão o sujeito da ciência. É esse mesmo sujeito da ciência sobre o qual opera a psicanálise — eis a tese de Lacan. Sem o advento do sujeito com Descartes, a psicanálise não poderia ter vindo à luz.
Para responder à pergunta sobre “o que sou eu”, Descartes, em suas Meditações filosóficas, descarta de entrada os sentidos, pois estes são sempre enganadores, assim como o corpo próprio. O que vejo, o que ouço, apalpo ou sinto não me dizem o que sou; meu corpo tampouco me define. Descartes põe-se a duvidar da existência de tudo e concebe um Deus como um Gênio maligno cuja intencionalidade não é outra senão a de enganar o sujeito. Recusa assim qualquer autoridade externa, mesmo divina, que garanta a existência das coisas. Esse Deus enganador faz parte da dúvida hiperbólica de Descartes, a qual após colocar toda a existência em suspenso e anular todo o saber atinge seu ápice em um único ponto de certeza: o pensamento. Nesse duvidar de tudo uma coisa é pelo menos certa: que estou pensando. “… encontro aqui, diz Descartes, que o pensamento é um atributo que me pertence; só ele não pode ser destacado de mim. Sou, existo: isto é certo, mas por quanto tempo? O tempo que eu pensar, pois, talvez, se eu deixasse de pensar eu poderia deixar de existir. Não admito agora nada que não seja necessariamente verdadeiro: não sou senão uma coisa que pensa”.

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