Jeito De Matar Lagartas

Quase seis anos após a publicação de Cine privê, um dos melhores contistas brasileiros da atualidade presenteia o leitor com este marcante Jeito De Matar Lagartas. Ao narrar histórias do cotidiano aparentemente banais, como uma brincadeira de criança, a venda de um imóvel ou o reencontro de um jovem estudante com a antiga professora

, o autor toca em questões fundamentais como o envelhecimento, o sexo (ou a ausência dele) e a solidão. Se em seu livro anterior os protagonistas passam muitas vezes por situações extremas e respondem à altura às vicissitudes da vida, em sua nova obra as personagens são ao mesmo tempo resignadas e inquietas, o que torna o resultado ainda mais surpreendente.
Para o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto, “a escrita de Antonio Carlos Viana, que acaba de completar quarenta anos de carreira literária, caracteriza-se desde o início pela concisão, uma recusa a qualquer forma de sentimentalismo, sem que isso implique indiferença ou cinismo. O distanciamento do narrador, mesmo quando (como frequentemente ocorre) a história é contada na primeira pessoa, visa acima de tudo garantir a precisão vocabular, a limpidez da sintaxe, e tem o efeito de acentuar a verossimilhança do narrado, até quando a ficcionalidade é evidente.”
Ao final da leitura de Jeito De Matar Lagartas o leitor possivelmente chegará à mesma conclusão que um de seus protagonistas: o mundo se divide “entre os de coração aflito e os de maldade extrema”.
No primeiro conto, A Muralha da China, dois irmãos são enviados à casa da vizinha a fim de ganhar tempo, enquanto os pais se preparam para levar a notícia de que o filho e o marido dela morreram num acidente há poucas horas. “Façam de conta que o Lelo ainda está vivo, conversem com dona Irene, fiquem como se ele fosse chegar e que vocês foram lá só pra brincar com ele”, avisa a mãe.
Assim o fazem, então. Entram e dona Irene os autorizam ir ao quarto do filho, onde iniciam a montagem de um quebra-cabeça com a foto da tal muralha, na medida que a hora passa e os pais não dão as caras. O almoço é uma rabada caprichada, que a dona da casa preparou especialmente para a volta do filho e do marido. Os pais das crianças finalmente chegam. Ficam sem coragem. Elogiam o cheiro da comida e a notícia se dispersa.

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Para o poeta e tradutor Paulo Henriques Britto, “a escrita de Antonio Carlos Viana, que acaba de completar quarenta anos de carreira literária, caracteriza-se desde o início pela concisão, uma recusa a qualquer forma de sentimentalismo, sem que isso implique indiferença ou cinismo. O distanciamento do narrador, mesmo quando (como frequentemente ocorre) a história é contada na primeira pessoa, visa acima de tudo garantir a precisão vocabular, a limpidez da sintaxe, e tem o efeito de acentuar a verossimilhança do narrado, até quando a ficcionalidade é evidente.”
Ao final da leitura de Jeito De Matar Lagartas o leitor possivelmente chegará à mesma conclusão que um de seus protagonistas: o mundo se divide “entre os de coração aflito e os de maldade extrema”.
No primeiro conto, A Muralha da China, dois irmãos são enviados à casa da vizinha a fim de ganhar tempo, enquanto os pais se preparam para levar a notícia de que o filho e o marido dela morreram num acidente há poucas horas. “Façam de conta que o Lelo ainda está vivo, conversem com dona Irene, fiquem como se ele fosse chegar e que vocês foram lá só pra brincar com ele”, avisa a mãe.
Assim o fazem, então. Entram e dona Irene os autorizam ir ao quarto do filho, onde iniciam a montagem de um quebra-cabeça com a foto da tal muralha, na medida que a hora passa e os pais não dão as caras. O almoço é uma rabada caprichada, que a dona da casa preparou especialmente para a volta do filho e do marido. Os pais das crianças finalmente chegam. Ficam sem coragem. Elogiam o cheiro da comida e a notícia se dispersa.

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