Antonio Carlos De Oliveira Rodrigues – Prohaíresis E Prónoia No Estoicismo De Epicteto
O presente estudo trata da Filosofia estóica de Epicteto. Do escravo alforriado de Epafrodito sabe-se muito pouco. Estima-se que nasceu por volta do ano 50 de nossa Era e que morreu entre os anos 125 e 130 d.c. Em Roma, ainda escravo, frequentou as lições do filósofo estóico Musônio Rufo.
Depois de ter se tornado livre e filósofo, foi expulso de Roma pelo Imperador Domiciano. Retirou-se para a cidade de Nicópolis e ali permaneceu, ensinando por mais de 25 anos.
Flavio Arriano, seu discípulo, frequentou-lhe as lições e recolheu seus ensinamentos num conjunto de anotações que nomeou Diatribes. Mais tarde, Arriano fez uma antologia das ideias principais das Diatribes que chamou de Enkheirídion (manual).
O estudo que ora apresentamos está apoiado, basicamente, sobre as duas obras de Arriano. Nelas destacamos as noções de Prohaíresis (deliberação) e de Prónoia (providência) essenciais para se compreender a Filosofia de Epicteto.
Iniciamos a primeira aproximação ao tema da prohaíresis (deliberação) e da prónoia (providência) abrindo um diálogo com a Sabedoria estóica antiga.
A época de Epicteto o ensino da Filosofia se baseava em grande parte na leitura e interpretação dos textos dos fundadores da escola. Impôs-se então a necessidade de tratar no primeiro capítulo desse estudo, das relações existentes entre a Filosofia de “Epicteto e a sabedoria antiga”.
Partindo da doutrina da physis do antigo Pórtico destacamos a theoría dos incorpóreos (asómatos) que repercutiu na Epistemologia da Escola, por sua vez fundada na noção da representação compreensiva (phantasía kataleptiké).
A teoria do conhecimento estóica em franca oposição à doutrina das ideias platônica nega ao pensamento dialético a possibilidade de alcançar o Ser. Contudo, o que foi negado e, desligado do pensamento dialético é religado e, afirmado na representação compreensiva (phantasía kataleptiké).
No segundo capítulo, “A noção de prohaíresis no pensamento de Epicteto”, demonstramos a partir da psicascética apresentada nas Diatribes e no Enkheirídion, que a Filosofia para Epicteto é Sabedoria prática (phrónesis).
Esta se desdobra em três caminhos ascéticos assentes na máxima gnôthi sauton e na prohaíresis. Ambas estão ligadas porque quando o homem se conhece, sabe que o seu bem mais precioso é a sua prohaíresis.
No terceiro capítulo, “O segundo tema de exercício ascético e a ternura na convivialidade”, estudamos o caráter social dos ensinamentos de Epicteto; o autoconhecimento só se completa quando a paz conquistada é compartilhada com a família e com a cidade.
No quarto capítulo, o “Eukharistía: instrumento de conversão (metastrophé) do Destino em prónoia”, enfim, evidenciamos a eusebéia epictetiana fundamente enraizada na certeza da existência da providência divina, que por sua vez, constitui a base da integração de todas as negatividades da vida.
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