A primeira edição de O português que nos pariu é do ano 2000, minha contribuição à comemoração dos 500 anos do descobrimento. “Achamento”, preferem hoje classificar os lusos. Concordo com a definição e vou além: “oficialização da posse”. Desde o último quarto do século XV, Lisboa tinha certeza da existência de terras além do mar-oceânico.
O português que nos pariu é também uma homenagem aos meus bisavós maternos de Viana do Castelo e à minha avó carioca, mas educada na cidade do Porto. Amei demais esta avó, cresci na casa dela. Nas minhas lembranças, vovó Maria, capaz de resolver qualquer encrenca, sempre aparece sorrindo. Ternura e força, suas lições mais concretas. Minha prima/irmã Maria Aparecida aprendeu mais do que eu a conciliar características tão díspares. Tudo bem. Com alguns anos extras de análise, alcançarei a sabedoria de ambas e, sem perder a delicadeza, igualmente conseguirei vencer as quedas de braço existenciais. Por enquanto, apenas não perco a pose. Vovó Maria não viveu em vão.
Sou brasileira, orgulhosamente brasileira. Mas, desde que nasci, convivo com portugueses. Imigrantes, não imigrantes e de todas as classes sociais: pobres e ricos, simples ou intelectualmente sofisticados. Curiosamente, jamais ouvi alguém pavonear os feitos do país que nos séculos XIV, XV e XVI ensinou novos e definitivos caminhos ao mundo. Nunca entendi os motivos de eles esquecerem, e deixarem esquecer, uma nobilíssima caminhada de conquistas e de sucessos.
Graças ao Português que nos pariu, comecei a decifrar algumas razões do aparente descaso com o passado: o uso político da História durante parte do século XX, o discreto temperamento português, desconforto com a lembrança da opulência perdida. O fato de nós, os lusófonos, não pertencermos à elite tecnológica e econômica do mundo ajuda a jogar para escanteio as extraordinárias aventuras portuguesas. Se pertencêssemos, a História não seria ensinada como o é às criancinhas do Primeiro Mundo: navegando sob bandeira espanhola, o genovês Cristóvão Colombo descobriu a América; o espanhol Vasco Balboa foi o primeiro a enxergar as águas do oceano Pacífico. Fim do capítulo Grandes Navegações.
O Português Que Nos Pariu
- História
- 7 Visualizações
- Nenhum Comentário
Link Quebrado?
Caso o link não esteja funcionando comente abaixo e tentaremos localizar um novo link para este livro.