Este livro reúne textos de pesquisadores que estiveram envolvidos com o projeto que teve objeto as práticas de compadrio e de sociabilidades entre homens negros na Freguesia Nossa Senhora da Vitória de São Cristóvão entre 1850 e 1950.
O marco temporal justificou-se pelo fato de ser representativo para o entendimento das transformações sociais que ocorreram na primeira capital sergipana em dois tempos distintos: o tempo do cativeiro e o tempo do pós-abolição.
Portanto, o objetivo dessa pesquisa consistiu na preservação documental, por meio da digitalização do acervo paroquial, assim como compreender as práticas de compadrio como estratégias de negociação da população de cor na cidade de São Cristóvão nos últimos decênios da escravidão em contraponto com os primeiros decênios do pós-abolição.
Nesse sentido, a investigação contribuiu para a discussão a respeito da população afro-sergipana no período republicano, preenchendo uma lacuna da historiografia local.
O projeto, já concluído, pautou-se no levantamento das fontes no arquivo paroquial de São Cristóvão e evidenciou as potencialidades para a pesquisa sobre as práticas de compadrio envolvendo devotos e santos. Além disso, as fontes também expressaram estratégias de negociação da população afro-brasileira nos tempos de cativeiro e no pós-abolição.
Assim, a pesquisa de campo foi realizada no Arquivo da Paróquia Nossa Senhora da Vitória de São Cristóvão e contribuiu para a preservação, divulgação e produção científica das fontes eclesiásticas em Sergipe.
As práticas de compadrio constituíram uma das mais importantes estratégias de negociação e de sociabilidades da sociedade brasileira do oitocentos. A constituição de laços de parentesco por meio do batismo foi recorrente tanto entre homens e mulheres livres, como entre os cativos, evidenciando o compartilhamento de práticas sociais entre os diferentes segmentos que constituíam a sociedade brasileira imperial.
Desse modo, sob a tutela da Igreja católica e do Estado, as redes de sociabilidades eram ampliadas e muitas vezes estrategicamente utilizadas no intuito de promover negociações na condição social. Nesse sentido, o compadrio pode ser visto como uma fresta para se compreender a organicidade social do Brasil Imperial.