
Trabalhar com questões de direitos humanos, gênero e diversidades em nossas escolas é um dos maiores desafios da atualidade, pois o processo de universalização do acesso à educação básica se consolidou nas décadas de 1990 e 2000, mas para que o direito humano à educação se concretize, de fato, é necessário garantir a permanência na escola e sua qualidade socialmente referenciada.
Infelizmente, muitas de nossas escolas ainda se mostram pouco preparadas para receber estudantes de grupos que historicamente estiveram excluídos dos processos educacionais formais, como aquelxs oriundos das classes mais populares, com deficiências ou cujas construções enquanto sujeitos, para muitos o que são suas identidades, diferem do padrão heteronormativo e eurocêntrico de nossas práticas curriculares e vigentes nas culturas escolares.
É o caso, por exemplo, de pessoas indígenas, quilombolas, ribeirinhxs e da população LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transsexuais, trangêneros, que abarca algumas dentre as identidades sexuais sempre plurais e difíceis de serem classificadas em uma sigla).
É importante destacar que muitas dessas pessoas chegaram às escolas por meio das condicionalidades de programas de inclusão social como o Bolsa Família.
Se acolher essas populações em nossas escolas é um grande desafio, para avançarmos nesse campo, nós – educadores e educadoras; gestores e gestoras dos espaços educacionais e das políticas públicas – precisamos repensar profunda e sinceramente nossos valores e práticas, pois vivemos em uma sociedade cujo legado histórico de desigualdade, violência e preconceito ainda é presente e muitas vezes o reproduzimos, ainda que não o queiramos.
Para avançar nesse enorme desafio de fazer com que nossas escolas sejam espaços de enfrentamento às desigualdades socioeconômicas, de gênero e étnico-raciais, onde se vivencie a diversidade como um valor e uma ética, são necessárias políticas públicas estruturadas e estruturantes.
O caso do curso Gênero e Diversidade na Escola (GDE), que completou 10 anos em 2016, é um exemplo de política de formação docente nessa temática.
Políticas & Direitos é dedicado à sistematização e à disseminação de algumas experiências com o curso, realizadas nos últimos anos em nosso país.

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