Sobre a Amazônia e seus produtos florestais não madeireiros, o papel da tecnologia como meio capaz de proporcionar a realização do trabalho com menor impacto direto ao meio ambiente foi uma ideia amplamente defendida pela pesquisadora Bertha Becker, na sua proposta de um vetor tecnoecológico.
Nesse vetor, ciência e tecnologia seriam aplicadas na otimização dos recursos florestais não madeireiros, o que segundo Becker contribuiria para a geração de renda com a manutenção da “floresta em pé”.
Nesse sentido, o leitor e a leitora encontrarão nas páginas do livro Tecnologias Sustentáveis: Análise Do Extrativismo Do Açaí, Da Castanha-Do-Brasil E Da Pesca Artesanal No Estado Do Amapá, uma contribuição ao debate sobre tecnologia, conservação ambiental e geração de renda.
Mas, além dessa contribuição, o texto também incorpora experiências e alternativas tecnológicas que podem subsidiar o trabalho de extrativismo das cadeias do açaí e da castanha-do-brasil, assim como da cadeia do pescado.
O livro traz uma contribuição ao estudo das três cadeias em três frentes: uma cuidadosa descrição de cada cadeia, algumas alternativas de tecnologias desenvolvidas que são compatíveis com a necessidade de produzir de forma sustentável, e potencial de aproveitamento dos resíduos sólidos.
Nesse ponto, o acesso às tecnologias otimiza todo o processo produtivo: melhora as condições de realização do trabalho, auxilia nas boas práticas de manejo, na conservação do produto e no aproveitamento dos resíduos sólidos. Alguns exemplos ilustram a importância dessa discussão.
O conhecimento tradicional e as inovações tecnológicas podem coexistir e servir aos interesses das populações locais e promover sustentabilidade? Talvez este livro não ofereça uma resposta a essa pergunta, porque ela requer diálogos também em outras frentes que este texto não objetiva fazer, mas certamente ele traz importante contribuição ao entendimento dessa questão.