Muito embora o estudo sobre a filosofia animal seja um tema tradicional que sempre mereceu a atenção dos filósofos desde a antiguidade grega (ex: Aristóteles), a verdade é que nos últimos dez anos tem-se registrado um interesse global sem precedentes sobre ética e cognição animal não só entre os filósofos da ética animal, mas também entre os etologistas cognitivistas, psicólogos (psicologia comparada), biólogos evolucionistas e neurocientistas.
Esta obra pretende apresentar e discutir, de uma forma acessível, algumas das principais questões em torno da ética animal, sejam elas de natureza epistemológica – os animais possuem crenças, desejos e intencionalidade? Têm mente? Que estados mentais possuem? – metafísica – será que os animais sem linguagem podem pensar ou raciocinar? – ou ética – Existe uma moralidade animal? Serão os animais seres morais? E, será que podem ser considerados agentes morais?
Porém, cada uma destas abordagens tem-se deparado com alguns problemas, nomeadamente, de índole antropomórfica que ressalta de algumas investigações empíricas levadas a cabo pela etologia e psicologia comparada e que tem conduzido a um certo ceticismo em torno das questões acima colocadas.
É neste contexto contemporâneo que os filósofos têm sido chamados a intervir e a contribuir com as suas reflexões e argumentos (pró e contra) para este debate sobre a ética animal que realça perspectivas radicalmente diferentes de ver a moralidade ou a consciência nos animais.
Não existe problema filosófico mais complexo do que o de tentar compreender a consciência ou, se quisermos, o que significa “como é” ter uma experiência. Esta expressão “como é” foi utilizada por Thomas Nagel a propósito da discussão que, entretanto, ficou famosa acerca da consciência do morcego. Para Nagel, os morcegos são conscientes e, por isso, há “algo que é” como ser um morcego.
Mas, como podemos saber que os animais têm mente?